12 Abril 2010 - 21:34

CPI da Câmara Federal realiza audiência pública em Alagoas

Plínio Nicácio
Serginho, encontrado após dois anos de sequestro

O plenário da Assembleia Legislativa recebeu, nesta segunda-feira, 12, os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Federal que investiga os casos de pessoas desaparecidas. Alagoas já estava incluída no cronograma de trabalho dos parlamentares. De acordo com o deputado Antonio Carlos Chamariz (PTB-AL), que integra a comissão, o recente encontro do menino Sérgio Guedes da Silva, o Serginho (foto), encontrado após dois anos de sequestro não foi o fato motivador para a audiência pública de hoje.

A criança, inclusive, acompanhou a reunião na Assembleia. A presidente da CPI, deputada Bel Mesquita (PMDB-PA) criticou a prática policial de, nos casos de denúncia de desaparecimento, esperar 24 ou 48 horas para iniciar as investigações. Ela usou como exemplo os casos de desaparecimento registrados na cidade de Luziânia (GO), na qual seis jovens desapareceram e, nesse fim de semana, um pedreiro confessou ter assassinado os rapazes.

Para a deputada, caso a prática tivesse sido diferente, o desfecho poderia ter sido outro. “Vimos, na cidade de Luziânia, que a polícia só começou as investigações cerca de 15 dias depois do primeiro desaparecimento. Caso a estrutura policial tivesse entrado em ação imediatamente, talvez não tivéssemos o desfecho trágico”, avaliou a deputada Bel Mesquita, que esteve na cidade goiana para acompanhar o sepultamento dos rapazes e prestar solidariedade às famílias.

O deputado Antonio Carlos Chamariz fez cobranças à estrutura policial de Alagoas. Ele comparou a situação do estado com o Paraná. “Alagoas não tem um banco de dados atualizado. A informação que tenho é que foram registrados, nos últimos cinco anos, 182 desaparecimentos e apenas 10% desse total foi esclarecido. No Paraná, entre 2008 e 2009 houve 441 registros de pessoas desaparecidas. Destes, apenas dois casos não foram esclarecidos. É uma situação preocupante”, considerou o parlamentar alagoano.

O secretário de Defesa Social, Paulo Rubim, presente à sessão, foi inquirido pela CPI. Ele falou de sua experiência como delegado aposentado da Polícia Federal (PF), para considerar que o problema não é grave em Alagoas. Para o secretário, em 95% dos casos de desaparecimento registrados no Estado são voluntários. De acordo com Paulo Rubim, são jovens e crianças que decidem sair de suas casas por motivos diversos, como pedofilia, abuso sexual, desestrutura familiar, entre outros motivos. Ele ressaltou que, por outro lado, Alagoas é o primeiro estado brasileiro a ter um laboratório de DNA forense, mantido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e que a população não se utiliza.

O presidente da Assembleia, deputado Fernando Toledo (PSDB), fez a abertura dos trabalhos da sessão. Ele ressaltou que o Legislativo estadual demonstra, mais uma vez, sua sintonia com a Câmara Federal, na sua atuação conjunta e em apoio às atividades do Congresso Nacional.

Boa parte da cúpula da secretaria de Defesa Social participou da reunião no plenário da Assembleia, a exemplo de delegados e do corpo técnico. Representantes de segmentos ligados à questão da criança e do adolescente também se fizeram presentes, bem como a secretária de Defesa da Mulher, Wedna Miranda, a juíza Fátima Pirauá, entre outros.

 

 

por ALE

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