Não se põe vinho novo em odres velhos
A política brasileira tem abrigado sob o seu manto um sem número de indivíduos descomprometidos com a democracia tão sonhada por todos nós, que nela se lançam como verdadeiros aventureiros numa disputa que só quem ganha é quem tem dinheiro para comprar os votos dos incautos ou contar com a ajuda de padrinhos matreiros já com larga experiência nessa seara.
A indignação dos brasileiros com esse tipo de políticos, fez emergir um movimento intitulado “Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), instituição formada por 46 entidades representativas da sociedade brasileira, com sede em Brasília e atuação em todo território nacional. Dentre elas destacam-se a Ordem dos Advogados do Brasil, Associação dos Magistrados Brasileiros, Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, CNBB, sindicatos e confederações diversas.
Graças a esse Movimento, foi possível recolher mais de um milhão e seiscentos mil assinaturas, nos quatro cantos desta nação, possibilitando o exercício da soberania popular previsto no art.14-III da Constituição Federal.
É sem dúvida alguma uma grande vitória da democracia brasileira numa demonstração de que o poder está nas mãos do povo basta apenas saber exercê-lo.É lamentável que tal iniciativa não tenha partido dos políticos que sempre se fazem de rogado quando se trata de reduzir seus poderes e suas prerrogativas, sendo necessária a pressão e a indignação popular.Mesmo assim houveram tentativas para que a lei ficasse sem eficácia ,apenas letra morta ,permitindo a perpetuação das práticas criminosas amparadas pela legalidade imoral.
Algo está mudando neste Brasil. As entidades representativas dos seguimentos sociais estão se tornando mais independentes e com força, em razão da credibilidade conferida por todos nós, indivíduos, cidadãos e cidadãs ávidos por mudanças que moralizem a prática política partidária. Sabemos que somente através da política é possível se alcançar o tão sonhado bem comum, o bem de todos, sem discriminação, favorecimento, apadrinhamento.
Uma política que seja capaz de implementar políticas sociais que visem um direito à saúde com dignidade e respeito aos direitos humanos, que não permitam que o cidadão morra sem assistência mesmo já estando nos hospitais, por lhe faltar o profissional, o medicamento,o pronto atendimento ,os equipamentos necessários para a urgência necessária à preservação da vida;uma política que permita que o cidadão exerça o seu direito de liberdade, indo e vindo com segurança;onde as famílias possam passear com seus filhos sem receio de serem assaltadas ou seqüestradas;onde as escolas públicas mereçam respeito e que os professores e alunos sejam vistos como valores representativos da sociedade e o futuro de uma nação já tão humilhada pela má qualidade de sua educação, num comparativo com outras nações de seu porte.
Tais omissões por parte do Pode Público só serão postas em prática quando houver movimentos semelhantes aos da “Ficha Limpa”, onde possamos exigir, com indignação, com a força da cidadania e das prerrogativas do status de cidadão, os nossos direitos. Os direitos de freqüentar a escola pública digna, com ensino de qualidade e professores capacitados, instaladas em prédios asseados, com pinturas decentes e equipada com móveis e equipamentos compatíveis com a exigência da evolução cultural, não aceitando mais, pacificamente, a humilhação de vê alunos assistir aulas deitados no chão, sentados em tijolos, em sala de aula sem mobília ou com mobília de péssima qualidade,em baixo de árvores, denegrindo a dignidade da pessoa humana, notadamente das crianças e adolescentes.
Tenho esperanças, que chegará um tempo, onde as alegações de falta de recursos para as áreas essenciais não serão mais aceitas, pois, em nome dessa escassez fantasiosa, os gestores públicos, aliados aos nossos representantes, vêm,denegrindo a dignidade da pessoa humana contribuindo para que a auto-estima seja cada vez mais deteriorada, nos obrigando a ficar à mercê de um sistema de saúde ineficiente, de uma segurança inexistente e de uma educação catastrófica. Enquanto isso assistimos diariamente, o surgimento de novos desvios do dinheiro público, aos milhões, praticados, exatamente, por quem elegemos para cuidar dos nossos interesses. É incalculável o montante desse valor. O que se tem notícia é graças a ação da imprensa e da Polícia Federal, instituições hoje temidas, respeitadas, criticadas e tentadas a mudar o rumo de suas ações.
Nós, povo brasileiro, somente alcançaremos a liberdade tão sonhada , quando conseguirmos eleger homens e mulheres comprometidos com os nossos valores, com as nossas necessidades, com o bem de todos. As mudanças trazidas para o próximo pleito eleitoral vão exercer uma pressão muito grande naqueles políticos que irão ficar fora da disputa em razão de seus precedentes, impeditivos do registro de suas candidaturas. Uns não suportarão serem preteridos, outros se utilizarão de recursos vários para se manter no poder viciado de longas datas, e isso afetará sua saúde, sua dignidade, seu status, seu poder.
São odres já velhos, surrados, enfraquecidos e desgastados pelo tempo. O vinho – as mudanças – tem uma fermentação nova e tende a romper esses odres. Não será possível colocar naqueles odres o vinho novo, o vinho de qualidade, da melhor uva e da melhor safra. Para esse vinho, necessários odres novos, cheios de esperanças e sonhos para uma Nação sofrida, carente de representantes à altura de sua grandeza e de sua posição no mundo.
Jesus Cristo o maior crítico da política de sua época comparava os fariseus a odres velhos que não suportavam a boa nova, a esperança, a proposta de mudança interior trazida por Ele, para um povo sofrido, humilhado, desvalorizado. Seus ensinamentos que pouco tem a ver com religião, mas sim, com política, sociologia, psicologia, antropologia ainda hoje é atual, revisado, e pronto para ser aplicado. Entretanto desvirtuaram seus ensinamentos desviando o seu foco para outros horizontes e, assim perdeu-se no tempo a prática de exemplos úteis e necessários a uma sociedade que se propõe a crescer, deixando para trás paradigmas ultrapassados.
É hora de abraçarmos as mudanças e fazermos a nossa parte. É hora de reflexão, de um olhar crítico sobre as questões relacionadas à prática da política partidária vivenciada até o momento e de fazer valer o nosso poder, o poder da cidadania alçada ao status constitucional como um dos mais importantes fundamentos da República Brasileira.
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