28 Março 2011 - 10:55

Método 'Mãe Canguru' permite desenvolvimento mais rápido de prematuros em SE

Márcio Garcez/SES
Programa atende uma média de 800 crianças por ano

As pequenas Maria Clara e Larissa nasceram na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) no sétimo mês de gestação da dona-de-casa Laratícia Silva da Costa, 29. Com 36 cm de altura e pesando 1,19 kg e 1,27 kg, respectivamente, as gêmeas bivitelinas vieram ao mundo em 22 de fevereiro, na primeira experiência da mãe com um parto prematuro. Por apresentar um diagnóstico de má formação de órgãos, Larissa precisou ficar internada por mais tempo na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), enquanto sua irmãzinha pode ser transferida para enfermaria da Ala Verde, onde participa do Método Mãe Canguru (MMC).

O Método Mãe Canguru, desenvolvido há cinco anos, primeiramente na Maternidade Hildete Falcão e em seguida na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, é responsável por maiores índices de ganho de peso diário dos bebês prematuros, atendendo uma média de 800 crianças por ano. A técnica consiste na diminuição do tempo de permanência do recém-nascido na incubadora, na colocação do bebê no colo da mãe, na posição canguru, que proporciona o contato pele a pele e no incentivo da alimentação exclusiva com leite materno, além do acompanhamento ambulatorial especializado.

Segundo o coordenador do Método Canguru na MNSL, o neonatologista Alex Santana, além das melhorias no quadro clínico do recém-nascido, o método também promove o vínculo entre a mãe e o bebê. “Antigamente a família não tinha acesso ao bebê de baixo peso. A partir do MMC a família passou a freqüentar a UTIN e começamos a observar melhores resultados clínicos dos pacientes.”

De acordo com a psicóloga Andréa Reis Mendonça, outra vantagem é a segurança que o método proporciona a mãe do bebê prematuro. “O método permite o acesso ao cuidado do bebê pela mãe com orientação da equipe de saúde, oferecendo maior segurança para o cuidado posterior com o recém-nascido”.

Para Laratícia, o Método Mãe Canguru foi responsável pela rápida recuperação do seu bebê. “Ela está pegando peso direitinho e ficando mais esperta. Eu nunca pensei que fosse ter um parto prematuro, mas fiquei tranqüila quando soube que vinha pra cá [para MNSL], porque esse trabalho que eles fazem é muito bom e tem salvado muitos bebês, que dificilmente sobreviriam com o peso que nasceram”, afirma a dona de casa.

Diferencial e etapas

O MMC conta com uma equipe transdisciplinar, em que todos os profissionais envolvidos realizam um trabalho de interação e comunicação, discutindo casos a fim de através das várias áreas de conhecimento, oferecer o melhor atendimento ao usuário do serviço de saúde. Na maternidade, essa equipe é composta por neonatologistas, pediatras, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem. “Até o pessoal da limpeza se envolve com o espírito do método. O diferencial é a cumplicidade existente entre as famílias e a equipe de saúde”, ressalta Alex Santana.

O método é composto por três etapas, que vai do cuidado prestado ao recém-nascido na UTIN, até o deslocamento do bebê para enfermaria da Ala Verde (espaço exclusivo para atendimento dos bebês de baixo peso), quando este não necessita mais de soro ou respirar por aparelhos, ou de soro e o acompanhamento posterior. “A terceira etapa serve para acompanharmos o desenvolvimento e crescimento do paciente após a alta da enfermaria e antes do encaminhamento do para o ambulatório”, explica o coordenador.

Para a estudante Weslaine Santos Oliveira, 15, o Método Mãe Canguru possibilitou o desenvolvimento da sua filha Leislayne Sayara, que nasceu com 1,355 kg e após 14 dias, ganhou 300 g, chegando aos 1,635 kg. “Ela ficou mais gordinha e maior. Sei que se não fosse esse método ela não estaria assim, e como o médico me explicou, o contato com a mãe é importante, pois meu bebê foi prematuro,” explica a estudante.

De acordo com a nova mãe, o acolhimento que recebeu na maternidade foi importante para que ela mantivesse a calma diante da nova experiência. “Tinha consciência que corria risco por ser tão nova, mas eu queria tanto ser mãe e fiquei tranqüila quando me trouxeram para esta maternidade, pois me disseram que era a melhor do Estado. Agora estou muito feliz com meu bebê. Dá vontade de colocá-la no canguru pra ficar perto de mim e até dormir comigo. Acho que ela se sente mais protegida, porque é apertadinho e ela se apoia melhor em mim”, conclui
 

por Agência Sergipe

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