22 Fevereiro 2011 - 10:19

Saúde do Estado leva cirurgias de catarata ao interior de Sergipe

Fabiana Costa/SES


“Agora estou enxergando bem e aguardo com ansiedade a hora de recomeçar a bordar”. A declaração é de Maria Lúcia Venceslau Silva, 63 anos, bordadeira de profissão. Sua especialidade é o ponto de cruz e com ele passou a vida produzindo jogos de semana de panos de prato, toalhas, colchas e outras peças feitas sob encomenda. Há mais de um ano ela estava afastada do bordado por causa de uma catarata que surgiu nos olhos. A doença, que pode levar à cegueira, incapacita total ou parcialmente, aquele que a possui, nas atividades que dependem da visão.

Maria Lúcia é uma das centenas de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que estão sendo beneficiados com as cirurgias eletivas de catarata, a partir de um programa de parceria entre o Ministério da Saúde (MS), o Governo de Sergipe por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), a Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) e os municípios. “Até junho serão realizadas 600 cirurgias. Com este procedimento estaremos diminuindo a fila de espera”, informou a diretora de Gestão de Sistemas da SES, Tina Cabral, acrescentando que estas cirurgias ocorrem paralelamente às operações de catarata de rotina.

Por uma decisão da SES, a realização das cirurgias está ocorrendo de forma descentralizada, em datas diferenciadas, em cinco regiões da Saúde: Própria, Itabaiana, Boquim, Neópolis e Lagarto. Iniciadas em janeiro pelo município de Propriá, onde foram feitas 31 operações e depois em Itabaiana, onde ocorreram outras 105. As mais recentes cirurgias foram realizadas em Boquim, na quinta, 17, sexta, 18, e sábado, 19, quando 170 pessoas foram contempladas com o benefício.

O trabalhador rural José Antônio dos Santos, 69 anos, estava na sala de espera da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Bernardino Mitidieri, no município de Boquim, aguardando a sua vez para se submeter à cirurgia de catarata do olho direito. “A doença está dificultando muito o meu trabalho. Fico feliz por essa chance de fazer a cirurgia gratuitamente, pois particular é muito caro. Espero recuperar completamente a visão do olho e poder voltar a trabalhar bem”, disse o idoso.

A dona de casa Anatália de Oliveira, 87 anos, tem a mesma expectativa. “Minha vista está muito embaçada e atrapalha os meus afazeres domésticos, mas o médico disse que ficarei curada desse problema. Estou satisfeita porque voltarei a enxergar melhor”, declarou.

A catarata

A catarata é uma opacificação do cristalino do olho humano, ou seja, a turvação progressiva da lente que existe dentro do olho e pode levar à cegueira total, segundo informou o oftalmologista Vinícius Cunha Góis, médico responsável pelo procedimento cirúrgico do Programa de Cirurgias Eletivas de Catarata.

“O tratamento é exclusivamente cirúrgico e consiste na remoção do cristalino natural, com a substituição por uma lente intra-ocular permanente”, explicou Vinícius Cunha Góis, acrescentando que o procedimento assegura a recuperação total da visão na grande maioria dos casos. “A cirurgia tem uma duração de 15 minutos, com o uso de anestesia tópica, de forma que a pessoa sai do centro cirúrgico enxergando”, disse o médico.

A doença, segundo o oftalmologista, limita a rotina da vida. Os portadores de catarata apresentam dificuldade para assistir TV, dirigir, ler e realizar tarefas laborativas, como ocorreu com Maria Lúcia Venceslau Silva. “Quando a pessoa opera a catarata, volta a fazer suas atividades, recupera sua autoestima e sua qualidade de vida. Este é o valor do programa”, opinou o médico do Instituto Oftalmológico de Sergipe (IOSE).

O instituto assegura todo suporte logístico operatório e pós-operatório, que vai do microscópio ao facoemulsificador, e ao colírio para uso posterior pelo paciente. O processo operatório, segundo Vinícius Cunha, consiste na avaliação pré-operatória, a cirurgia e mais duas avaliações pós-operatória.

A catarata é uma doença que pode atingir desde o bebê neo-nato ao idoso. Porém, estatística mundial dá conta de que 50% das pessoas com idade acima de 60 anos apresentam algum grau de catarata.

O acesso

O acesso ao Programa de Cirurgia Eletiva de Catarata é simples e sem burocracia.
Basta que o interessado procure a Secretaria de Saúde de sua cidade e inscreva-se. Segundo informações da diretora de Sistema de Gestão, Tina Cabral, todos os municípios estão inseridos no programa. “Os municípios que ainda não encaminharam as listas de pacientes ao setor de Regulação da Secretaria de Estado da Saúde devem fazê-lo sem demora”, aconselhou Tina Cabral.

“Não tive dificuldade para me operar. Já estava na fila de espera pela cirurgia e quando veio essa oportunidade não houve problema. Acho o programa maravilhoso restitui a visão perfeita do meu olho esquerdo. Agora, vou aguardar para fazer a operação do olho direito”, declarou a aposentada Maria Batista, 80 anos, moradora do município de Boquim.

O objetivo do programa é facilitar o acesso e dar fluência à fila de espera por cirurgia de cataratas, como explicou Tina Cabral, salientando que oferecer este serviço aos usuários do SUS é uma obrigação do setor público. “Com isso, estamos resgatando a qualidade de vida do cidadão, já que ele tem de volta a visão prejudicada pela catarata”, enfatizou.

Levar as cirurgias ao interior do Estado tem como meta descentralizar o serviço, facilitar o acesso e oferecer mais conforto aos pacientes. As próximas etapas serão realizadas nas regionais de saúde de Neópolis e Lagarto.

 

por Agência Sergipe

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