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Economia e ecologia são dois lados de uma mesma moeda, diz estudo TEEB

Economia e ecologia são dois lados de uma mesma moeda, diz estudo TEEB

Como reconhecer oportunidades de valorização de bens naturais atribuindo a estes elementos uma riqueza econômica e social? É possível quantificar em cifras adequadas a ordem de grandeza da água potável, da manutenção de muitas espécies e de outros recursos naturais?

Para esclarecer estas e outras perguntas relacionadas à valoração da diversidade biológica das nações, foi promovida, no auditório do Ipea, em Brasília, a palestra sobre “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade” (TEEB, sigla em inglês), com o economista do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Pavan Sukdhev.

O estudo TEEB é uma iniciativa internacional que visa atrair a atenção dos governos, sociedade e setores produtivos para os diferentes benefícios da biodiversidade, bem como destacar o custo crescente da perda da diversidade biológica e da degradação de ecossistemas.

De acordo com Sukdhev, que é coordenador do estudo e responsável pelas iniciativas relacionadas à economia verde do Pnuma, mais de 500 pessoas contribuíram para a redação do relatório TEEB, entre economistas, ecólogos, biólogos, empresários, políticos, antropólogos, membros de universidades e outros setores da sociedade.

“Trata-se de um estudo com uma visão consensual, que apresenta uma observação econômica dos diferentes componentes da natureza”, esclarece o economista. Ele explica ainda que os dados do relatório permitem a elaboração de planos nacionais, regionais e setoriais, de legislações mais eficazes e o desenvolvimento de mecanismos econômicos que sejam sustentáveis.

Sukdhev ressalta ainda que a “invisibilidade econômica” da natureza traz muitos problemas, pois muitos ecossistemas são degradados quando não existe uma verdadeira noção da importância e do valor dos bens naturais.

Uma das novidades do relatório é o apontamento de números expressivos. O TEEB conseguiu demonstrar que a polinização de abelhas, para se ter uma ideia, representa o total de U$190 bilhões de dólares por ano em todo mundo, o que equivale a 1/10 da atividade agrícola no planeta.

O estudo não reduz a questão apenas a uma valoração numérica, mas busca reconhecer, observar e capturar a importância da manutenção da biodiversidade e dos ecossistemas para o bem-estar da vida humana no planeta, além da oportunidade de novos negócios na chamada economia verde.

O economista adverte que certos elementos, com ar puro e água potável, por exemplo, não são traduzíveis em cifras, mas que a manutenção de fatores como estes devem ser valorizados nos planos de desenvolvimento de cada país.

Presente ao evento, o secretário-executivo do MMA, Francisco Gaetani, lembrou que já existe uma proposta brasileira para a realização de um estudo TEEB no Brasil, com o objetivo de demonstrar as perdas econômicas do capital natural nos biomas brasileiros, bem como os benefícios resultantes da prestação de seus serviços ecossistêmicos.

“O MMA está trabalhando a agenda ambiental com a perspectiva de inclusão social. Não existe dicotomia entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico, e estas ações devem ser integradas de maneira que garanta a sobrevivência digna das populações tradicionais e extrativistas do Brasil, que são parte do planejamento ambiental nacional”, afirma o secretário.

Resultados – Em sua palestra, Sukdhev citou alguns resultados finais do TEEB global apresentados na COP-10, em Nagoya (Japão), em outubro do ano passado. Uma constatação importante foi a de que os ecossistemas são fundamentais para a sobrevivência de populações pobres em todo o planeta.

“Há muitas pessoas que dependem de produtos naturais de ecossistemas como meio de subsistência. Esse capital natural é fundamental e deve ser mensurado nacionalmente, de forma que seja incluída também a questão social quando áreas importantes são destruídas para a implementação de qualquer tipo de empreendimento”, afirma.

Ele ressaltou ainda a questão da mitigação dos impactos ambientais. De acordo com o TEEB, as florestas tropicais armazenam ¼ do carbono global, e as consequências sociais e econômicas do desmatamento e degradação de florestas devem ser levadas em consideração nos planos de desenvolvimento.

“Temos mais de cem histórias de sucesso em lugares onde havia perdas e prejuízos ambientais com consequências sociais. Os governos da China, Filipinas e Uganda, por exemplo, mudaram o planejamento do uso da terra, de áreas marítimas e de pântanos em algumas regiões, respectivamente. O resultado foi uma multiplicação dos recursos naturais que gerou um forte impacto positivo na economia e para as populações locais”, afirma o economista.

O evento foi promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma) e Conservação Internacional no Brasil.

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