13 Dezembro 2019 - 12:05

Brasil precisa retomar a proteção ambiental e destravar Fundo Amazônia

Divulgação
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cobra recursos que não estão disponíveis e não são devidos especificamente ao Brasil

Pesquisadores brasileiros que participam como observadores da COP 25, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, criticam o foco do Brasil no evento.

Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, e André Guimarães, diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), dizem que faltam propostas e compromissos para frear o desmatamento no Amazônia, que seria a contribuição mais imediata do Brasil para enfrentar o problema.

Além disso, eles dizem que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cobra recursos que não estão disponíveis e não são devidos especificamente ao Brasil, enquanto as negociações sobre o uso da verba do Fundo Amazônia seguem travadas.

Durante sua participação no evento, Salles defendeu que o governo Bolsonaro está "fortemente comprometido" em combater as mudanças climáticas e também cobrou a implementação de um fundo de US$ 100 bilhões (leia mais abaixo). Nesta quinta, ele disse que o Brasil não é vilão e criticou "brasileiros que vêm falar mal do próprio país no exterior".

O secretário-executivo do Observatório do Clima lembra que, em 2015, quando o Brasil assumiu suas metas que depois foram incorporadas ao Acordo de Paris, ele não condicionou a execução de ações para redução de emissões à existência de recursos externos.

O pesquisador explica que, de fato, US$ 100 bilhões foram prometidos no compromisso firmado em 2009, mas que essa verba não está disponível e que a previsão é que ela seja direcionada para países ainda mais pobres que o Brasil.

"O ministro Ricardo Salles veio aqui para a COP dizendo que iria cobrar, inclusive, 10% desses 100 bilhões, isso é completamente fora da realidade porque esse é um recurso que é principalmente para apoiar países pobres, que não têm meios de se desenvolver, de promover a inclusão, a redução de pobreza com redução de emissões e ao mesmo tempo de lidar com os eventos da mudança climática que são cada vez mais frequentes e intensos."

André Guimarães, do Ipam, afirma que "proteger a Amazônia é um desafio técnico, logístico e principalmente é um desafio político e financeiro". Ele diz que 2019 marcou um redução "muito grande" nas políticas contra o desmatamento e também houve redução dos investimentos.

"Precisa de dinheiro? Precisa. Nesse sentido o governo e o próprio ministro Salles têm dito que precisa de dinheiro e etc, mas existe dinheiro disponível, o Fundo Amazônia é um bom exemplo. Existe quase meio bilhão de dólares disponível e esse processo precisa ser destravado." – André Guimarães, Ipam

Denúncia sobre aumento do desmate

A diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar, apresentou durante a conferência dados sobre o aumento do desmatamento no Brasil. Ela usou dados do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que serve de alerta para dar apoio a ações de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

"Segundo os últimos dados do Deter, de agosto a novembro, a gente tem quase 5 mil km quadrados num dado que é subestimado por 30 a 40%. No mesmo período do ano passado, esse dado foi um pouco menos de 2 mil km quadrados e a gente nem chegou ainda ao período principal do desmatamento que normalmente acontece no primeiro semestre de cada ano", disse Ane.

por Portal G1

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