11 Dezembro 2019 - 16:50

85% dos desmatamentos entre 2018 e 2019 em MT foram ilegais, diz relatório

Divulgação
Colniza foi o município com maior área de floresta desmatada em Mato Grosso em 2019

Um relatório técnico produzido pelo Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que, entre agosto de 2018 e julho de 2019, 85% dos desmates mapeados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) em Mato Grosso foram ilegais.

Para o instituto, a combinação de desmatamento ilegal e impunidade segue sendo o principal motor da devastação no estado, onde, ao todo, foram derrubados 1.685 km² de florestas.

O número representa 17% do total registrado em toda a Amazônia (o segundo maior percentual, atrás apenas do Pará) e um aumento de 13% em relação ao período anterior. Segundo o relatório, o resultado sinaliza que o ritmo de destruição da floresta no estado 'continua alarmante'.

Com a maior taxa de desmatamento dos últimos onze anos, em 2019 houve mais que o dobro da área desmatada em 2012, que foi de 757 km².

Isso também significa que é o quinto ano consecutivo que o estado mantém taxas superiores a 1.480 km²/ano, se distanciando das metas de redução do desmatamento assumidas em 2015, durante a Conferência do Clima em Paris.

A situação é potencializada pelas falhas na fiscalização, que não consegue conter o desmatamento ilegal nem mesmo em áreas já incluídas no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

De acordo com o ICV, 56% de todo desmatamento (959 km²) ocorreu justamente em propriedades rurais com cadastro já realizado pelo menos uma vez, ou seja, com localização, limites e proprietários conhecidos do Poder Público.

Nesse grupo, mais da metade das derrubadas se concentrou em imóveis rurais grandes (acima de 1.500 hectares), seguidos dos imóveis médios, que possuem entre 400 e 1.500 hectares (28%). Os polígonos foram superiores a 50 hectares em 82% dos casos de desmatamento em imóveis privados.

"Metade de todo desmatamento em áreas cadastradas ocorreu, portanto, em grandes imóveis rurais e em polígonos maiores que 50 hectares, ou seja, facilmente detectável pelos sistemas de monitoramento via imagens de satélite", aponta o relatório do ICV.

E ainda, ao separar o desmatamento autorizado e analisar somente o ilegal, o estudo identificou que 74% de toda a ilegalidade aconteceu em apenas 1.065 imóveis rurais, o que representa pouco mais de 1% do total de imóveis cadastrados.

“Ou seja, são poucos os imóveis rurais que descumprem a legislação florestal e colocam em risco a legalidade e sustentabilidade da produção agropecuária de Mato Grosso.”.

Municípios
Com 196 km² de novas áreas abertas, Colniza foi o município com maior área de floresta desmatada em Mato Grosso em 2019.

O segundo lugar no ranking ficou com a vizinha Aripuanã, com 156 km². “Estes, com outros 6 municípios, responderam por 52% de todo o desmatamento mapeado, que se concentrou principalmente nas regiões Norte e Noroeste", diz o estudo.

por Agência Brasil

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