16 Agosto 2019 - 10:13

À espera de Neymar, Campeonato Espanhol começa com status de "liga das estrelas" renovado

Divulgação
Neymar pode retornar à Espanha para abrilhantar a liga

Rival direto da Premier League na disputa pelo posto de mais importante da Europa, o Campeonato Espanhol sempre teve como trunfo sua alcunha de "Liga das Estrelas", um nome que a própria organização ostenta em sua estratégia de divulgação. E, após um ano em baixa por conta da saída de Cristiano Ronaldo e do mau desempenho do Real Madrid, La Liga teve seu status de palco de grandes astros renovado para 2019/20.

A edição que terá início nesta sexta-feira, com o duelo entre o atual campeão Barcelona e o Athletic de Bilbao, contará com caras novas de peso - e outras velhas conhecidas que mudaram de cores. Frutos de uma janela de transferência movimentada, na qual a dupla Barça e Real e um Atlético de Madrid com destaque ímpar na sua história foram os responsáveis pelas três contratações mais caras do mercado europeu até o momento. E com a cereja do bolo sendo disputada por blaugranas e merengues: Neymar.

Reforço mais valioso da janela de transferências do verão da Europa, o jovem João Félix, de 19 anos, puxa a fila dos novos astros, tendo custado € 126 milhões (R$ 565,6 milhões) ao Atlético. Outra novidade é Hazard, que enfim vestiu a camisa do Real após ser o terceiro mais caro do mercado (€ 100 milhões ou R$ 449 milhões). Griezmann, que protagonizou a segunda maior transferência da janela, deixou o Atleti e foi para o Barça por € 120 milhões (R$ 538,7 milhões).

A lista deve ser engrossada nos próximos dias por Neymar, um astro que já foi protagonista no palco espanhol. A duas semanas do fechamento da janela de transferências, a novela de saída do brasileiro do PSG ainda não foi encerrada - e Barcelona e Real Madrid são, hoje, os únicos destinos cogitados. Ou seja, a probabilidade de que o camisa 10 da Seleção volte a integrar o cartel de craques de La Liga é grande.

Com as baterias dos principais clubes do país recarregadas com as novas caras, a briga pelo título promete ser intensa. O ainda mais estrelado Barça busca a oitava conquista em 11 anos - a terceira seguida - e Real e Atleti tentam quebrar a quase-monótona rotina que tomou conta da liga recentemente.

Atlético se renova e deposita esperanças em um garoto

Para aqueles que costumam acompanhar o Campeonato Espanhol, provavelmente o time que apresentará mais diferenças com relação aos últimos anos será o Atlético de Madrid. A equipe colchonera, que entrou em uma nova era nos últimos anos sob o comando de Diego Simone, parece estar pronta para dar mais um passo e se firmar entre os maiores clubes do continente. 

Em uma reformulação causada em parte pelo assédio do mercado e em parte pelo envelhecimento de ícones da geração anterior, Simone conseguiu atrair nomes que eram cogitados em diversos gigantes europeus. O principal deles é o garoto João Félix, de apenas 19 anos, que fez uma grande temporada pelo Benfica e passou a ser visto como uma das grandes joias do futebol mundial, um possível sucessor de CR7 como grande ídolo português.

Para vencer a concorrência por João, o clube abriu os cofres e fez a contratação mais cara de sua história, a mais valiosa desta janela - e surpreendeu muitos torcedores. E o talento do meia-atacante, exibido com êxito na pré-temporada, tem tudo para ser o principal motor da equipe, que reformulou um dos setores em que mais ganhou elogios ultimamente: a defesa.

Sem renovar com os veteranos Godín, Filipe Luís e Juanfran, o Atleti buscou soluções nos mais variados mercados. Para a lateral esquerda, veio ao Brasil contratar Renan Lodi, do Athletico; para a zaga, levou o também brasuca Felipe, que estava no Porto; e para a lateral direita conseguiu atrair Trippier, que deixou o Tottenham e a Premier League para trás.

Além dos quatro citados, foram contratados o zagueiro Hermoso, do Espanyol; os meia Llorente, do Real Madrid, e Herrera, do Porto; e o atacante Saponjic, do Benfica. Um investimento alto, mas que não colocou o Atleti em déficit por conta das diversas perdas, que acentuam o tom de renovação: Griezmann foi para o Barcelona; Lucas Hernández, para o Bayern; Rodri, para o City; Gelson Martins, para o Monaco; Vietto, para o Sporting; e Mensah, para o Kayserispor.

Os novos rostos precisarão mostrar personalidade e evitar tropeços como os 10 empates na última edição do Campeonato Espanhol, que custaram pontos preciosos e afastaram o time da disputa de um título que não vem desde 2013/14 - em uma campanha histórica e surpreendente. Desta vez, disputar o título não seria surpresa para os colchoneros. Pelo contrário, é visto como um objetivo ao alcance.

Real à espera de um novo "toque de Midas" de Zizou

Mais um que busca quebrar o domínio do Barça nacionalmente, o Real Madrid aproveitou o fim da pior temporada dos últimos tempos para também iniciar um processo de reformulação de sua equipe. Tudo capitaneado pelo técnico Zinedine Zidane, que retornou no meio do furacão após a queda de Solari, diante dos apelos do presidente Florentino Pérez e da torcida.

Com mais a perder do que a ganhar em um momento que o time ainda vive uma forte ressaca pelo tricampeonato europeu - no qual ele foi protagonista -, o treinador cria a expectativa de um novo "toque de Midas", rei que, segundo a mitologia, transformava tudo aquilo que tocava em ouro. A diretoria considera que só Zizou pode pegar novos atletas, aliar àqueles que se transformaram em problemas na temporada passada e criar um time competitivo de novo.

Entretanto, ao menos nos primeiros meses de trabalho, Zidane vem enfrentando problemas que não tinha encontrado em sua primeira passagem. Além dos resultados ruins na reta final da última temporada e em amistosos de preparação para 2019/20, o francês não conseguiu realizar exatamente os movimentos que gostaria no mercado.

É verdade que o Real Madrid não demorou a conseguir Hazard, nome mais desejado pelo francês, por € 100 milhões - principal contratação do time até agora, junto ao atacante Jovic, que custou € 60 milhões. Mas um nome de peso para o meio campo não veio, por exemplo - Pogba era o grande sonho e parece ter ficado para trás.

Além dos reforços para a linha de frente, os merengues asseguraram dois nomes importantes para a defesa: os laterais Militão, que veio do Porto por € 50 milhões, e Mendy, contratado ao Lyon por € 48 milhões. O jovem Rodrygo - aposta para o futuro - enfim desembarcou no Santiago Bernabéu.

Porém, os maiores problemas residem nas negociações frustradas para tirar alguns nomes do elenco. A começar por Bale, que foi pivô de inúmeras polêmicas na temporada passada, não goza da confiança de Zidane, mas nem mesmo chegou perto de encontrar um destino. James Rodríguez, por sua vez, retornou do Bayern e não emplacou transferência para os interessados Napoli e Atlético de Madrid.

A dupla de estrelas, junto a nomes como Isco e Mariano Diáz, pode vir a ser uma dor de cabeça no gerenciamento do elenco - um problema que Zidane já dava sintomas que ocorreria quando se despediu do time há pouco mais de um ano. Este cenário, somado à desconfiança pelos maus resultados, fazem os merengues iniciar a trajetória no Espanhol sob uma pressão pelo título que não foi vista recentemente.

Barcelona busca, enfim, deslanchar com Valverde

Quando o assunto é o Campeonato Espanhol, o Barcelona vive situação oposta ao do seu maior rival. A pressão para conseguir mais uma conquista nacional existe, naturalmente, mas tudo passa longe de ser uma cobrança, uma vez que o time é o atual bicampeão e só foi superado em três oportunidades nos últimos 10 anos. Mas a torcida pede um desempenho mais satisfatório.

Apesar de ter terminado a última liga com uma vantagem de nove pontos para o Atleti e 19 para o Real, o Barça passou diversos sustos ao longo da temporada e muitas vezes conquistou vitórias mostrando um futebol nada convincente sob o comando de Ernesto Valverde. Em diversas oportunidades, a equipe, para sair com os três pontos, dependeu do brilho solitário de Messi - que acabou o torneio como artilheiro, com 36 gols, além de 15 assistências.

Para dar ao camisa 10 coadjuvantes de maior brilho, o Barça não hesitou ao ir com força ao mercado. Com Dembelé e Suárez sem grande destaque na última temporada, a diretoria logo assegurou a chegada de Griezmann por € 120 milhões. Para aumentar o brilho de um meio de campo que teve Arthur com bons momentos, a aposta foi feita ainda em janeiro: De Jong, comprado ao Ajax por € 75 milhões. A defesa contou com as chegadas do goleiro Neto e do lateral Firpo.

As perdas ficaram por conta de atletas que não conquistaram espaço no time, como Malcom e Cillessen, além da saída definitiva de outros emprestados, como André Gomes e Alcácer. Por isso, a expectativa é que Ernesto Valverde enfim consiga fazer o Barça jogar de acordo com o DNA que a torcida tanta exalta, no legado construído por Cruyff e Guardiola.

Para isso, a arma final pode estar a caminho. O retorno de Neymar para o Camp Nou pareceu, no começo da novela, ser mais um desejo do atleta do que do clube, apesar da pressão do vestiário para a concretização do negócio. Mas a entrada do Real Madrid na disputa aumentou a expectativa dos blaugrana, que teriam em jogo, além da honra de uma disputa com o rival, impedir que um astro do tamanho do brasileiro reforce um concorrente direto.

Os coadjuvantes

Acostumada a ser uma liga de estrela basicamente pelos maiores clubes do país, a liga espanhola tem coadjuvantes relevantes em times como Sevilla, maior campeão da Liga Europa, e o Valencia. E a dupla promete disputar novamente o posto de quarta força do país - depois de Getafe surpreender na temporada passada e terminar no G-4.

- Veremos clubes lutarem pelas principais posições, como Valencia e Sevilla. E outros que continuarão lutando na liga e por competições europeias, como o Espanyol. E a chegada de times como o Mallorca, que há duas temporadas estava na terceira divisão. Teremos clubes com brasileiros ilustres, como Charles, Willian José, outros que estão chegando agora como Felipe e Renan Lodi, que serão bastante acompanhados pelos torcedores no Brasil - opinou Albert Castelló, representante do Campeonato Espanhol no Brasil.

O Sevilla também foi mais um time a ter uma janela de transferências bastante movimentada. Após perder Ben Yedder, Sarabia, Promes, Muriel e Brice, o time foi atrás de Koundé, Rony Lopes, Diego Carlos, Dabbur, Ocampos, Jordán, Luuk de Jong, Óliver Torres e Reguilón - e gastou cerca de € 150 milhões, com o diretor Monchi comandado a atuação do mercado. Na disputa da Liga Europa, o time promete dar trabalho na liga.

O Valencia, por sua vez, chega para a temporada embalado pelo título na Copa do Rei, que quebrou longo jejum do clube. E aposta na manutenção da base do time, que perdeu peças como Neto e Zaza e outros nomes secundários, mas trouxe Cillessen, Maxi Gómez, Vallejo e assegurou a permanência de Cheryshev.

Para o Getafe, fica a expectativa por repetir a temporada histórica de 2018/19, sob o comando de Pepe Bordalás, que segue à frente do time. Seu trunfo é não ter perdido tantas peças, exceto Ibáñez e Shibasaki. Se juntam aos possíveis coadjuvantes o Espanyol, que conseguiu se colocar na parte de cima da tabela na temporada passada, o Athletic de Bilbao, com seu estilo de jogo diferenciado, Real Sociedad e Betis.

por Globo Esporte

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