11 Abril 2010 - 08:20

Clássico San-São é a decisão antecipada do Paulistão

AE
Ricardo e Dorival travam o primeiro duelo hoje

O Santos joga, dança e encanta o Brasil desde o começo do Campeonato Paulista dessa temporada, quando empilhou goleadas e enfileirou inúmeras vitórias. O São Paulo, historicamente a equipe brasileira de mais sucesso em competições internacionais, dividiu as atenções entre o Estadual e a Copa Libertadores, e se classificou para as semifinais na última rodada.

Engana-se quem pensa que só há um time que precisa provar seu valor no duelo deste domingo, que começa às 16 horas, no Morumbi.

Os garotos Neymar, Ganso, Robinho, André e Cia. devem mostrar que não tremem em decisões e, além de firulas, gols bonitos e comemorações dançantes, também têm capacidade de levantar taças. Será difícil, a esta altura do campeonato, reeditar aqueles placares elásticos (9 a 1, 10 a 0) de tempos recentes. Isso não é mais o que importa. "Por mais que joguemos bonito ou demos goleadas, só seremos lembrados se conquistarmos títulos", considera Robinho, o mais experientes dos Meninos da Vila, que voltou a campo na vitória contra o São Caetano, há uma semana, após passar quase um mês afastado.

Os tricolores por outro lado, se gabam de ter um dos melhores elencos do País - senão o mais poderoso -, mas parecem que só agora estão próximos de formar um time. Entre confrontos pouco emocionantes na Libertadores e atuações apagadas no Paulistão, passaram a dar algum alento ao seu exigente torcedor após duas vitórias pelo Estadual, contra Botafogo (5 a 0) e Santo André (3 a 1). "Disse que brigaríamos por todas as competições e continuamos na briga", diz o técnico Ricardo Gomes, que sempre pedia tempo para as críticas quando o time não estava agradando. "É claro que a etapa principal desse planejamento é o resultado final, mas, até agora, atingimos o que planejamos."

O sensacional "duelo de grandes" - que comissões técnicas, dirigentes e jogadores insistem em dizer que não é uma final antecipada - começa hoje com times antípodas no modo de conquistar seus resultados. Se o São Paulo é mais pragmático, o Santos é mais performático, artístico. Apesar do único jogo na temporada ter acabado com vitória dos praianos (2 a 1), dizer qual dos dois estilos têm mais chance de obter sucesso em mata-mata não passa de aposta ou loteria.

O TRUNFO TRICOLOR
Um ano depois de ser contratado, Marlos começa a render o que a torcida e seus companheiros esperam desde que chegou do Coritiba. A hora não poderia ser mais apropriada. O meia, convertido em titular a partir nos últimos jogos, deu mais velocidade à equipe, que carecia de jogadores rápidos e criativos no setor de armação. O resultado: gols. Marlos marcou um contra o Botafogo e o time, cuja segurança defensiva antes era o único trunfo, desandou a balançar as redes adversárias também.

O técnico Ricardo Gomes comentou sobre o atual momento do jogadr: "Hoje o Marlos já é bem diferente do ano passado, mudou a forma de jogar". "Viu que se segurar a bola não adianta, passou a usar sua habilidade e velocidade em prol do coletivo e para a frente. Deu uma mexida significativa no grupo."

Além das palmas e a certeza de iniciar mais uma partida pelo São Paulo - logo ele que havia começado entre os 11 titulares apenas uma vez na temporada -, Marlos recebe elogios entusiasmados. Já há são-paulino que o compare a Paulo Henrique Ganso, uma das coqueluches de 2010, o talentoso camisa 10 santista que já recebeu indicações para a seleção brasileira que estará na Copa da África do Sul daqui a dois meses.

"O Marlos provou nos últimos jogos que tem o poder de definir, de decidir", derrete-se o companheiro Jean. "Mas leva vantagem sobre Neymar e Ganso pelo poder de marcação que tem. Posso dizer porque estou perto. Vem mostrando que é um jogador mais completo, pois tem habilidade, velocidade e força na marcação."

MAIS DANÇA
Com dois títulos brasileiros, um vice da Libertadores e a experiência de cinco anos na Europa, além de ter participado da Copa do Mundo de 2006, Robinho junta-se a Ronaldo Fenômeno, Juninho Paulista e a outros grandes jogadores do presente e do passado e se diz encantado com o futebol da nova safra de talentos do Santos. Para ele, não falta nada à equipe de Dorival Júnior para conquistar o título paulista.

"O nosso time, apesar de jovem, tem qualidade suficiente para ser campeão. As desconfianças que estão surgindo são normais. No início poucos acreditavam que os garotos conseguiriam ganhar clássicos. Agora, falam que a equipe não está pronta para conquistar título. Depois, vão falar das dificuldades que vai ter no Brasileiro", afirma o jogador, ansioso por mais uma decisão.

Para o camisa 7, o caminho mais fácil para o Santos conquistar o Campeonato Paulista é continuar jogando como na primeira fase da competição, indo para cima do adversário, em busca do gol, deixando de lado a vantagem de poder jogar por empates ou resultados iguais invertidos. Ele também não acredita em coincidências e acha improvável que se repita na decisão do Paulista o que ocorreu no Brasileiro de 2002, com o Santos se classificar na última rodada e, em seguida, eliminando, nas quartas-de-final, o São Paulo, que tinha a melhor campanha.

"Isso não significa que vai ser igual agora", cada jogo tem o seu momento, argumenta o atacante. Ele também não acha necessário reforçar a marcação no meio-de-campo com a entrada de um segundo volante para ajudar Arouca. "Estamos atravessando um ótimo momento e não é preciso mudar nada. O time está adaptado a jogar assim", aconselha. "Isso não quer dizer que vamos ganhar com facilidade. Mas, basta o ataque marcar a saída de bola do adversário que o meio-de-campo não fica sobrecarregado e a defesa se fecha."

Antes de começar o primeiro jogo das semifinais do Campeonato Paulista, Robinho vai ser homenageado pela diretoria do clube por ter atingido a marca de 200 jogos pelo Santos, domingo passado, contra o São Caetano. Ele vai receber uma camisa personalizada com o número 200 e uma placa comemorativa. Do grupo atual, ele está atrás apenas de Fábio Costa, que já defendeu o Santos em 341 jogos, e Léo, com 321 partidas.

 

por Robson Lessa com informações AE

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