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Resistência: tradição do Guerreiro Alagoano ecoa nas novas gerações

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Resistência: tradição do Guerreiro Alagoano ecoa nas novas gerações

“A cultura popular pra mim vale mais que ouro. O Guerreiro representa tudo na minha vida”, conta o Mestre Elias. A frente do grupo Guerreiro Asa Branca de Arapiraca, Seu Elias Fortunato de Souza já acompanhava o folguedo desde os 7 anos de idade.

Entre os grandes chapéus em formato de igreja, fitas, cores e brilhos que acompanhavam os batuques do tambor, sanfona e pandeiros no município do Coité do Nóia, insistia ali, no meio do terreiro, entre uma pisada e outra, um menino que ainda não sabia que a mistura de dança, teatro e resistência iram colorir, dali em diante, o resto de sua vida.

“No município de Coité do Noia havia um grupo que se apresentava e minha mãe sempre me levava para assistir. Eu sempre insistia em ir para o meio da dança, ignorando os sermões dela. Depois fui aprendendo com o mestre João de Palmeira, Manoel Quirino, Nigoi, Francisco e Zé Pequeno”, conta. Hoje, aos 76 anos, mestre Elias segue participando de apresentações. “Quando dá certo de dançar uma noite eu danço, quando não dá, eu fico no aguardo, saio em outros grupos e por aí vai. Só não consigo ficar parado”.

Símbolo de resistência, o Guerreiro é um auto que faz parte do ciclo natalino alagoano, assim como o Reisado, a Chegança, o Fandango e tantos outros. Os pedaços de espelho, miçangas e fitas ornamentam as esculturas de igrejas ou catedrais confeccionadas em chapéus usados por todos os integrantes do grupo. No caso das rainhas, são usadas as coroas ou diademas.

Mestre Elias, como é conhecido desde 2006, vê o título como um grande incentivo à cultura popular. “Se nós, mais velhos, que carregamos a tradição nas costas, um dia desistirmos, quem apresentará a cultura popular às novas gerações? Me sinto feliz em ver quando crianças e jovens se interessam. A prova é a minha neta, Júlia de 7 anos, que mesmo pequena já diz que ‘vai ser dona do guerreiro do vô’, tem recompensa melhor que essa?”.

Guerreiro

O folguedo é composto por um grupo multicolorido de dançadores e cantores, semelhante aos Reisados, mas com maior número de figurantes e episódios, maior riquezas nos trajes e enfeites e maior beleza nas músicas. O Auto dos Guerreiros é um folguedo surgido em Alagoas, por volta de 1927 e 1929. É o resultado da fusão de Reisados alagoanos, do antigo e desaparecido Auto do Caboclinhos, da Chegança e dos Pastoris.

Há grupos de Guerreiro nas cidades de Maceió, Anadia, Arapiraca, Atalaia, Cajueiro, Junqueiro, Lagoa da Canoa, Maribondo, Messias, Pilar, União dos Palmares e Viçosa, entre outras.

Registro do Patrimônio Vivo

É considerado Patrimônio Vivo a pessoa que detenha os conhecimentos e técnicas necessárias para a preservação dos aspectos da cultura tradicional ou popular de uma comunidade, estabelecida em Alagoas há mais de 20 anos, repassando às novas gerações os saberes relacionados a danças e folguedos, literatura oral e/ou escrita, gastronomia, música, teatro, artesanato, dentre outras práticas da cultura popular que vivenciam.

O título é concedido pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, desde 2005, através da Lei Estadual nº6513/04, alterada pela Lei nº 7.172/2010.

Para a secretária de Estado da Cultura, Mellina Freitas, o registro dos mestres é uma forma de homenagear a cultura alagoana. Ela destaca a importância de reconhecer esses artistas que preservam nossa cultura, repassando os seus saberes populares para as novas gerações.

“É uma prática que não pode parar. Ao nomear novos mestres estamos criando maneiras de perpetuar nossa cultura. Precisamos, cada vez mais, transmitir esses valores, para fortalecer a própria identidade do alagoano. Os nomes escolhidos são de grande representatividade nas áreas em que atuam”, destacou Mellina Freitas.

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