08 Novembro 2017 - 07:17

Primeiro dia da Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental lota Sala de Exibições

Paulo Accioly
Pesquisadores participam de debate na Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental

Pipoca, cinema e diversão. Some esses ingredientes e obtenha o primeiro dia da 4a. Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental. Nesta terça-feira (7), a Sala de Exibições localizada na Praça 12 de Abril, ficou completamente lotada de crianças e adolescentes de seis escolas da cidade ribeirinha, que vieram prestigiar os seis filmes e assistir ao debate feito logo em sequência.

A produtora do Circuito Penedo de Cinema, Karlinne Cordeiro, responsável por acompanhar a Mostra Velho Chico, comemora a adesão do público neste primeiro dia. “Super positiva, principalmente das escolas – públicas, privadas e estaduais – aqui de Penedo. Também ressalto a interação com os debatedores de diversas instituições, mostrando assuntos de maneiras técnicas e acadêmicas, a presença dos realizadores que explicaram a temática dos filmes e incentivaram o pessoal ao mundo cinematográfico, enfim, muito bom esse primeiro dia.”

Foram exibidos os filmes Alternância, Amargo da Cana, Latossolo, Marias e O Futuro A Deus Pertence? Após a exibição dos filmes, um debate foi conduzido pela professora Milena Dutra, coordenadora de extensão da Unidade de Penedo da Universidade Federal de Alagoas. Segundo ela, os temas trazidos nos documentários congregam uma série de temas que poderiam ser debatidos por toda a vida.

“São temas muito importantes, são temas que remontam nossa história. Trazendo isso pra perto da gente, de realizar nosso cotidiano e ter qualidade de vida… Vivemos um conflito entre a expansão urbana e a necessidade de se estabelecer o rural, como as políticas públicas imperam nesses espaços públicos e a gente verifica não só na questão ambiental, mas na qualidade do homem que se estabelece nesse espaço e precisa de qualidade de vida”, salientou Milena.

O professor da Unidade de Penedo da Ufal, Ticiano Oliveira, destacou a temática dos filmes. Disse que discutir a bacia do São Francisco é discutir o poder da agricultura familiar e exaltou o trabalho feminino. “Eu afirmo que 95% dos empreendimentos rurais que dão certo são capitaneados por mulheres”, complementou o professor, dizendo ainda que a cultura da cana é muito presente no imaginário penedense, mesmo que não contribua tanto com a economia do Estado nos dias de hoje.

“E as lagoas: como está essa realidade hoje? Um mercado do agronegócio cada vez melhor, populações marginalizadas no entorno dessas regiões, mas nas cidades que tem sua dependência nesse modelo e, por fim, a bacia do São Francisco sofrendo essas consequências socioambientais. Até que ponto dependemos desse modelo, qual o limite do nosso consumo e do rio? São essas perguntas que a gente se faz depois dessa mostra riquíssima hoje aqui em Penedo”, salientou Oliveira.

Já o pesquisador da Universidade Federal do Vale São Francisco, José Alves de Siqueira Filho, revelou seu encantamento em ver uma plateia tão jovem e super interessada em cinema. Destacou, ainda, que os realizadores dos filmes estiveram antenados no que acontece no Brasil, mas que a gente desconhece ou conhece apenas um pouco. “E esse Brasil está aqui do lado, às margens do rio. E vocês só conseguem projetar futuro se conseguirem ter uma interpretação do passado. A gente só cuida do que conhece. E a nossa função de educador e pesquisador é levar essa mensagem. O futuro não é daqui a 10 anos, o futuro é agora”, declarou.

Ele fez ainda um alerta para os jovens presentes na Sala de Exibições: “Não poderia deixar de dizer a vocês. Cuidem da escola de vocês, tomem conta. Chamem urgentemente os pais para fazer parte disso. Se vocês não cuidam da escola, ela não vai dar educação. E um dos alicerces pra dar jeito no rio é a educação. E cinema pro povo. Não é pão e circo. É cinema, debate. Toda essa vida que está aí e a gente vendo desaparecer, também é de responsabilidade de vocês. Esse é o Brasil que dá certo”, afirmou, recebendo aplausos.

Ainda durante o debate, um dos realizadores dos filmes exibidos nesta terça-feira, Kennel Rogis, incentivou os adolescentes a produzirem cinema. “A gente pode fazer nossos filmes, passar nossas imagens. Se você tem algo a dizer, pode pegar uma câmera, um gravador e botar na tela. E quem sabe vocês não estarão aqui com seus filmes sendo exibidos aqui na tela? Eu quero ver isso. Ninguém melhor que vocês para falar da realidade que vivem”, afirmou Rogis.

por Assessoria

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