04 Setembro 2019 - 11:33

Teatro de Bonecos leva alegria a estudantes da rede pública do Distrito Federal

Divulgação
Além da apresentação na Escola Classe do Varjão, outras 11 escolas receberam a brincadeira

Mamulengo, Briguela, Babau e Cassimiro Coco são diferentes nomes para os protagonistas do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste. Na brincadeira, os mestres bonequeiros, por meio dos personagens-fantoches, encenam histórias do cotidiano com a interação constante do público. A música e a dança também fazem parte da apresentação, que provoca gargalhadas por onde passa.

Foi com muita diversão que o Teatro de Bonecos chegou para quase 800 alunos da Escola Classe do Varjão, no Distrito Federal. A região, conhecida pelas carências sociais, foi uma das escolhidas pelo Ministério da Cidadania para receber o Mamulengo Presepada. O grupo preserva, desde os anos 80, a manifestação cultural. Há 40 anos trabalhando como bonequeiro, Chico Simões já contabiliza mais de três mil apresentações no Brasil e em outros 25 países. O artista explica como acontece a brincadeira do mamulengo.

“O Teatro de Bonecos tem a característica de que não existe um texto pronto, que o bonequeiro decora. Ele apenas sabe, mais ou menos, a história que vai contar. E da interação dos personagens com o público é que a história vai se desenvolvendo. Então, tem muita comunicação e muita improvisação também. É uma alegria muito grande para a gente poder fazer parte dessa família de brinquedos e de brincadeiras que são reconhecidas como patrimônio e que, portanto, são guardadas, cuidadas, por todos nós”, enfatiza Simões.

Desde 2015, o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão vinculado ao Ministério da Cidadania. Mas o trabalho de proteção da manifestação cultural não termina por aí. Para proteger este bem precioso, há a necessidade de valorização, de reconhecimento social e de divulgação da prática, como explica o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Hermano Queiroz.

“Uma das demandas prioritárias que os grupos apresentam ao Iphan é a valorização dos mestres bonequeiros, que sempre estiveram em uma situação de vulnerabilidade social, de invisibilidade, mesmo, no campo da cultura. Esse patrimônio só vai ser salvaguardado, preservado, se houver a transmissão intergeracional desses saberes que estão relacionados a esta prática cultural”, explica.

Esse foi o objetivo com a apresentação do grupo Mamulengo Presepada, na Escola Classe do Varjão. Para o professor Miro Almeida, a experiência vai muito além do momento vivido pelos alunos e repercute nas salas de aula, nas casas e na memória afetiva de cada um dos alunos. “Há um resgate cultural, do patrimônio cultural. Muitos desses alunos são filhos de nordestinos, então, eles já vivem isso no dia a dia da família. Isso reforça o que eles já conhecem. A questão lúdica nessa fase da educação é primordial. É como se fosse um registro na alma de cada aluno”, afirma.

Diversas atividades de salvaguarda do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste foram realizadas pelo Iphan no mês de agosto. Além da apresentação na Escola Classe do Varjão, outras 11 escolas receberam a brincadeira. A história dos mamulengos, trajetórias e perspectivas da manifestação cultural no Distrito Federal também foram temas de debate durante a programação.

Teatro de Bonecos Popular do Nordeste

O Teatro de Bonecos já esteve presente em todo o Brasil. Hoje, existe com muita força no nordeste brasileiro e em algumas capitais, como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Para o Iphan, o registro como Patrimônio Cultural Imaterial justifica-se devido à originalidade e tradição da expressão cênica, repassadas de mestre para discípulo, de pai para filho, de geração para geração.

Uma tradição que revela uma das facetas da cultura brasileira, onde brincantes, por meio da arte dos bonecos, encenam histórias apreendidas na tradição que falam de relações sociais estabelecidas em um dado período da sociedade nordestina e de histórias que continuam revelando seu cotidiano, através dos novos enredos, personagens, música, linguagem verbal, das cores e da alegria que são inerentes ao seu contexto social.

Para saber mais sobre o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste e as ações do Ministério da Cidadania para proteger este patrimônio, acesse: iphan.gov.br.

por Assessoria

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