Em sua última temporada em Alagoas, o espetáculo “Negrinha” lotou o Café Literário Marili Ramos, na Escola Superior da Magistratura de alagoas (Esmal), na última terça-feira (30). A peça encerrou a programação do Projeto Esmal Cultural para o Mês da Consciência Negra e foi aplaudida de pé pelo público, que se encantou com o monólogo vivido pela atriz Sara Antunes.
Com cenário que lembra uma antiga casa de senhor de engenho, o monólogo convida o espectador a experimentar uma viagem pelo tempo e a se encantar com o deslumbramento da menina negra pelas cores. Para a atriz, a peça é um convite à reflexão sobre a exclusão social e o preconceito racial. “Eu represento aqui todas as crianças que são privadas de sonhar e de viver com dignidade, independentemente da cor da pele ou de qualquer outro tipo de preconceito”, explicou Sara Antunes.
A peça
Criada em 2007, com incentivo do Programa de Ação Cultural (PAC), o espetáculo surgiu da necessidade de fazer ecoar, pela voz baixa e frágil de uma menina, um momento crucial da história brasileira: o fim da escravidão. O monólogo evidencia um Brasil que a história oficial não relata, já que se trata da perspectiva de uma criança sem nome e sem futuro, aprisionada como um fantasma na casa grande.
Baseado no conto homônimo de Monteiro Lobato e em relatos de Gilberto Freyre, “Negrinha” mistura as memórias e fantasias de uma criança negra e polemiza sobre o discriminação racial ainda existente.
A peça foi dirigida por Luiz Fernando Marques, com direção de arte de Renato Bolelli Rebouças e coordenação de Paulo Mattos, e já percorreu diversos estados brasileiros, levando a história fragmentada de uma memória infantil. É a história de Negrinha, que tem afeição pelas cores, em especial pelas cores das pessoas.