20 Junho 2018 - 09:56

Músicos amadores criam grupos para reviver antigos sambas esquecidos

Ledahí Dias Nascimento tinha 14 anos quando, no quintal de sua casa, a Escola de Samba Império Serrano foi fundada no Rio de Janeiro, em 1947. Filha de Tia Eulália, matriarca da escola de samba carioca, Dona Leda – hoje com 85 anos – é uma memória viva das primeiras décadas do samba. Às vezes, a lembrança daquele tempo vem em forma de verso, em um cantarolar saudoso, e, assim, uma melodia esquecida pode fazer história.

A memória de sambistas da velha guarda é o principal material de trabalho do agrupamento paulistano Glória ao Samba, que pesquisa músicas inéditas – nunca gravadas – das primeiras décadas do século 20 e que vivem apenas nas recordações de antigos integrantes das escolas de samba. Mais de 300 canções já foram redescobertas. Depois elas são tocadas em rodas de samba que fazem homenagem a compositores e escolas.

O trabalho de campo dos agrupamentos, grupos formados de músicos que se dedicam a pesquisar sambas antigos, é um verdadeiro quebra-cabeças. Muitas vezes, uma estrofe é descoberta com uma pessoa e um trecho seguinte se desvenda com outra. “A gente fica estimulando a memória dos sambistas antigos: ‘E esse pedaço aqui?'. Primeiro eles dizem: ‘ah, não lembro’. Mas aos poucos eles vão lembrando”, descreveu Paulo Mathias, integrante do agrupamento. O advogado Rafael Lo Ré, outro integrante, contou que esses encontros, normalmente, são informais. “Acima de tudo, a gente gosta de fazer aquilo, e acaba cultivando uma amizade. Então a gente repassa os bons tempos, vai falando, mostra uma letra ou outra e chega à melodia”.

por Agência Brasil

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