08 Março 2021 - 15:41

Violência contra mulher cresce durante a pandemia no estado do Rio

Mais de 250 mulheres foram vítimas de violência por dia durante o isolamento social em 2020 no estado do Rio de Janeiro. Cerca de 61% desses casos ocorreram dentro das residências. Os dados foram divulgados hoje (8) pelo Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) e fazem parte de um levantamento inédito do Núcleo de Estudos ISPMulher.

Entre 13 de março de 2020, quando foi editado o primeiro decreto de combate à propagação do coronavírus no estado, e o dia 31 de dezembro, segundo o ISP, mais de 73 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no Rio.

“Isso significa que cerca de 251 mulheres foram vitimadas em cada um dos 293 dias em que o estado teve algum nível de isolamento social em 2020”, informou o ISP.

Apesar disso, o número de casos teve queda de 27% em relação ao mesmo período de 2019, quando houve 102.344 vítimas. Para o ISP, isso pode indicar uma subnotificação provocada pelas restrições adotadas durante a pandemia. Em janeiro deste ano, o total de mulheres vítimas alcançou 12.924 e ficou próximo do que tinha sido anotado no mesmo mês de 2020: 10.878.

Já em maio de 2020, um dos meses com maior taxa de isolamento social, as delegacias da Secretaria de Estado de Polícia Civil registraram 4.903 casos de violência contra a mulher, o que significa redução acima de 50% se comparado com janeiro do ano passado.

O ISP destacou que a residência, que em princípio é um lugar de proteção para muitos, principalmente na pandemia, não mostrou isso com relação às mulheres. O estudo também indicou que, além de 61% dos casos terem ocorrido no período de isolamento em 2020, justamente dentro de casa houve alta do percentual de ocorrências de crimes mais graves em residência.

“Para Violência Física, o percentual aumentou de 60,1% em 2019 para 64,1% em 2020. Para Violência Sexual, uma variação ainda maior: de 57,7% em 2019 para 65,6% em 2020”, apontou o estudo.

Conforme o ISP, em mais de metade dos casos os autores dos atentados foram os parceiros ou ex-parceiros. “Se restringirmos a análise aos crimes registrados sob a Lei Maria da Penha, que engloba os tipos de violência que acontecem no âmbito doméstico e familiar, 80,7% das mulheres foram vitimadas por parceiros ou ex-parceiros”, completou.

Entre os bairros com maior número de casos estão a Cidade de Deus (32ª DP), na zona oeste do Rio; Austin, em Nova Iguaçu (58ª DP), na Baixada Fluminense, e Campo Grande (35ª DP), também na zona oeste da capital fluminense. De acordo com o ISP, este ranking não mudou muito na comparação com o de 2019. Naquele ano, a Cidade de Deus, Austin e o centro de Duque de Caxias (59ª DP) foram os que anotaram mais crimes contra mulheres. 

por Agência Brasil

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