24 Setembro 2020 - 21:17

HGE agiliza a identificação de potenciais doadores para reduzir a fila por transplante

Assessoria
Em Alagoas, 377 pessoas aguardam pelo procedimento

Domingo (27) é Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data visa conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto. Em Alagoas, a maioria dos doadores são provenientes do Hospital Geral do Estado (HGE), conforme autorização da família do doente, como exige a legislação nacional.

Segundo a Central de Transplantes de Alagoas, mais de 40 mil brasileiros estão na fila pelo transplante. Em Alagoas, 234 pessoas aguardam pela doação de córnea, 141 pelo transplante de rim e dois cidadãos esperam por um novo coração. Mas, o que tem dificultado tanto o trabalho da Organização de Procura de Órgãos (OPO)? Além da possibilidade de incompatibilidade, ainda existem familiares que não aceitam o diagnóstico de morte encefálica, pessoas que dificultam o acolhimento no momento da comunicação sobre o óbito e quem justifique a negação por questões religiosas.

“A doação de órgãos ou de tecidos é um ato que só pode ser conduzido após a manifestação de querer ajudar a salvar outras vidas. A Lei nº 9.434/2007, regulamentada pelo Decreto nº 9.175/2017, dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical). E nem sempre pode acontecer em razão da morte encefálica. A doação de rim, parte do fígado, parte do pulmão ou da medula óssea, por exemplo, pode ser feita em vida”, afirmou a coordenadora da Central de Transplantes, Daniela Ramos.

A estudante de Direito, Silvia da Costa, de 34 anos, esteve na OPO, localizada no HGE, este mês, motivada pelas ações do Setembro Verde, defendida pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) no intuito de fortalecer os apelos para mais doações. Ela solicitou mais informações sobre como ser doadora, já que tem interesse de ajudar a sua tia que sofre com uma doença renal grave há alguns anos. Para ela, se é possível conceder conforto para alguém, sem prejudicar a sua própria saúde, então não enxerga impedimento para realizar a doação.

“Aqui soube como devo proceder para ajudar minha tia, sou muito grata pelas informações que recebi de toda equipe. Inclusive já fui ao Hemocentro de Alagoas me cadastrar como doadora de medula óssea. Eu compreendo que, se existe a possibilidade de promover mais vida a alguém, porque não fazer isso? Hoje é minha tia, amanhã pode ser eu sofrendo, com tantas dores e incertezas, em um leito de hospital, aguardando por uma chance para recuperar minha vida e autoestima”, disse a graduanda.

A coordenadora de enfermagem da OPO, Eleonora Carvalho, explicou que, no caso da Silvia, as orientações são dadas pela equipe médica que está assistindo a sua tia, sendo possível por ser parente até o quarto grau. No caso de autorização com doador falecido, a OPO notifica a Central de Transplantes de Alagoas para iniciar as avaliações, que incluem a investigação sobre a história clínica, as doenças prévias e a compatibilidade sanguínea. Após todos os testes, seria encontrado o receptor, na fila de espera, com mais chance de sucesso no transplante e, então, o procedimento seria realizado.

“A nossa busca ativa compreende mais os casos de pacientes que são potenciais doadores, caso diagnosticados com morte encefálica, que acontece quando o coração continua bombeando sangue, mas o cérebro deixou de cumprir com suas funções vitais. Com esse parecer, iniciamos uma corrida contra o tempo, com a participação de uma equipe multidisciplinar, no objetivo de conseguir autorização dos familiares, visto que, se houver uma parada cardíaca antes da retirada dos órgãos, diminui-se a possibilidade da doação”, relatou a enfermeira.

Em todos os hospitais, principalmente no HGE devido ao seu perfil assistencial de alta complexidade, além de ser a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) em Alagoas, está na rotina da OPO a visita aos enfermos com diagnóstico em morte encefálica. Segundo Carvalho, nos últimos quatro anos houve um aumento considerável nas notificações e autorizações para doação de órgãos e tecidos, o que fez diminuir o número de recusa de 71% para 44%. Entretanto, com a pandemia do novo coronavírus, a captação dos órgãos este ano foi bastante prejudicada.

“Em 2017, das 59 notificações, 47 foram do HGE, as demais nos outros hospitais; e realizamos 32 entrevistas, tendo 16 doações autorizadas. Em 2018, das 65 notificações, 48 também foram no HGE; e realizamos 39 entrevistas, tendo 21 doações autorizadas. Em 2019, das 85 notificações, 62 tiveram origem no HGE; e realizamos 39 entrevistas, tendo 21 doações autorizadas. Esse ano, com a pandemia da Covid-19, sofremos uma drástica redução. Até agosto só tivemos 31 notificações, nove protocolos fechados, quatro entrevistas e três doações autorizadas”, expôs a coordenadora de enfermagem da OPO.

O secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, já adiantou que está atento às consequências negativas da pandemia com a fila de pessoas que aguardam por transplante em Alagoas. Além de se mostrar um apoiador da causa, ele informou que, até o final deste ano, o Estado passará a realizar o transplante de fígado, planejamento que já constava no cronograma de ações da Sesau antes da chegada da pandemia. 

por Agência Alagoas

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