22 Agosto 2017 - 08:29

Mais de 140 crianças passaram por cirurgias cardíacas na Casa do Coraçãozinho este ano

Carla Cleto
Pequenos alagoanos têm acesso a serviço qualificado por meio do SUS

O Serviço Estadual de Cardiopediatria, implantado em abril de 2015, pelo Governo do Estado, representa um divisor de águas no atendimento a crianças cardiopatas em Alagoas. Para se ter ideia, somente este ano, 145 crianças passaram por cirurgias cardíacas na Casa do Coraçãozinho, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O espaço foi concebido dentro de um modelo de excelência em que ambulatórios, brinquedoteca, centro de diagnóstico e salas de treinamento pudessem estar juntos, num mesmo ambiente, para melhor acolhimento e ambientação das crianças e seus familiares.

O maior diferencial do projeto é que a criança com cardiopatia congênita tem o seu acompanhamento integral, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), desde a descoberta da doença até a vida adulta.

É o caso de Paulo Davi Marques, de 3 anos, uma das dezenas de crianças atendidas na Casa do Coraçãozinho, mantida em Maceió pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), com o objetivo de atender os pequenos alagoanos que sofrem com algum tipo de cardiopatia congênita.

Morador do bairro Tabuleiro do Martins, na capital alagoana, ele frequenta o serviço para fazer consulta de revisão, depois de ter sido submetido a um procedimento cirúrgico em janeiro deste ano. Sorridente, Paulo Davi Marques, de 3 anos, não para quieto; corre de um lado para o outro e interage com os amiguinhos e os seus pais.

Paulo Davi Marques tem síndrome de Down e, assim que nasceu, foi diagnosticado com Comunicação Interatrial, quando existe um orifício entre as duas câmeras do coração, chamadas de átrios. Nesta ocasião, o sangue oxigenado, que está no átrio esquerdo, passa para o átrio direito, misturando o sangue rico em oxigênio com o sangue pobre, que irá para os pulmões. A título de exemplo, é como se fosse encharcada uma esponja com mais líquido que o habitual.

Após receber o diagnóstico que, além da síndrome de Down, seu filho possuía uma cardiopatia congênita, Ana Paula Marques foi orientada a procurar a Casa do Coraçãozinho. Lá, ela recebeu toda a assistência necessária e foi encaminhada para o Hospital do Coração de Alagoas, onde Paulo Davi Marques foi atendido pelo cirurgião cardiovascular José Wanderley Neto.

Didaticamente, o médico explicou como seria a cirurgia, os riscos e o pós-operatório. A mãe foi informada ainda que o filho precisava estar com 15 quilos para que fosse submetido ao procedimento, uma vez que ele pesava em torno dos dez. Durante esse período, a criança ficou tomando remédios para amenizar os sintomas do problema cardíaco, até que, em 17 de janeiro deste ano, Paulo Davi Marques foi operado.

“A cirurgia foi melhor do que eu esperava, pois o meu filho não teve nenhum tipo de intercorrência. Por incrível que possa parecer, ele não desenvolveu nenhum sintoma que poderia apresentar antes da cirurgia, como o cansaço, o roxeamento da pele e a oscilação da pressão arterial”, destacou a mãe da criança.

Ana Paula trabalhava na área administrativa de uma indústria, no entanto, escolheu deixar a vida profissional de lado para se dedicar exclusivamente ao filho. “Nada mais foi como era antes. Precisei puxar o freio de mão e repensar prioridades. Percebi que a saúde do meu filho era mais importante e não me arrependo da decisão de me dedicar a ele, porque percebo o enorme progresso pessoal dele”, diz.

O Serviço

Na Casa do Coraçãozinho os ambulatórios, brinquedoteca, centro de diagnóstico e salas de treinamento funcionam em um único memso ambiente.

O espaço também possui consultórios médicos, uma área de treinamento para pediatras e cardiopediatras e um auditório, além de um espaço com três quartos para que as famílias do interior possam ter um ambiente para se acomodar próximo ao paciente, a fim de que se evite cansaço físico durante longas viagens.

Para o diretor executivo da Casa do Coraçãozinho, Otoni Veríssimo , o projeto visa à qualidade de vida das crianças com problemas cardiológicos. “É um centro de atividades multiprofissional e multidisciplinar, que tem como missão acolher, monitorar, tratar e acompanhar toda e qualquer criança alagoana que nasça com alguma doença no coração”, enfatizou.

Segundo ele, o maior diferencial do projeto é que a criança com cardiopatia congênita tem o seu acompanhamento integral, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), desde a descoberta da doença até a vida adulta.

“O foco da Casa do Coraçãozinho não é simplesmente dar o diagnóstico ou encaminhar a criança para ser submetida ao processo cirúrgico. Ele garante o acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento ao longo de todo tratamento”, explicou Otoni Veríssimo, ao acrescentar que, antes da implantação do Serviço Estadual de Cardiopediatria, os pais e seus filhos com cardiopatia precisavam realizar o tratamento fora do Estado.

Hoje, a situação é bem diferente. Para se ter ideia, 145 crianças passaram por cirurgias cardíacas somente no primeiro semestre de 2017. Por meio dos procedimentos cirúrgicos foram corrigidas diversas cardiopatias congênitas, que os incapacitavam.

Funcionamento

A Casa do Coraçãozinho funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Os pais e as crianças são atendidos por uma equipe multiprofissional, formada por assistentes sociais, enfermagem, médicos, cirurgiões cardiovasculares e pediátricos, cardiopediatras, pediatras, psicólogos e fisioterapeutas.

por Agência Alagoas

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