21 Março 2018 - 09:23

Alagoas Feita à Mão expõe talento artístico que nasce no presídio

Victor Costa
Evento reúne obras de diversos artistas alagoanos, como forma de comemorar a Semana do Artesão

As cores do filé alagoano, agregadas aos contornos das peças torneadas de madeira, produzidas pelas artesãs da Fábrica de Esperança da Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão Social (Seris), levam uma beleza especial para o Festival Alagoas Feita à Mão, que acontece de 19 e 25 deste mês, no Parque Shopping, no bairro Cruz das Almas.

O evento reúne obras de diversos artistas do Estado como forma de comemorar a Semana do Artesão. Para engrandecer o festival, a Seris expõe peças em marcenaria, filé, pintura, decoupagem e tornearia. Todo o material foi produzido pelas mãos habilidosas das dezenas de reeducandas que foram qualificadas por instrutores na unidade prisional.

Quem prestigiar o Alagoas Feito à Mão terá a oportunidade de conferir peças em madeira torneadas, teneriff e agregados de filé, como a jangada e jogos de dama e xadrez. Além das profissionais da Secretaria da Ressocialização, aproximadamente 40 artesãos irão expor e comercializar suas produções na praça central do shopping.

A gerente de Educação, Produção e Laborterapia, agente penitenciária Andréa Rodrigues, destaca a importância da exposição para reinserir as internas no âmbito social. “Temos recebido convites para participar de renomados festivais de forma recorrente. Mais do que visibilidade, quebramos preconceitos e conquistamos reconhecimento com a qualidade dos serviços”.

“É muito gratificante ter nossos produtos expostos ao lado de grandes mestres e profissionais da arte alagoana. Na Fábrica de Esperança transformamos matéria bruta em arte, e fazer parte do Alagoas Feita à Mão impulsiona ainda mais os bons valores disseminados pelos servidores penitenciários”, salienta o titular da Seris, coronel Marcos Sérgio de Freitas.

Profissionalização

Com a Lei nº 13.180, sancionada em outubro de 2015, que estabelece diretrizes para políticas públicas de fomento à profissão de artesão, os artistas passaram a ter direito à carteira nacional do artesão, linhas de crédito especial para o financiamento da comercialização da produção artesanal e aquisição de matéria-prima e qualificação profissional.

Alagoas lidera o ranking nacional de artesãos cadastrados no Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), com, aproximadamente, 14 mil profissionais. Em 2016, as custodiadas e os instrutores que trabalham nas oficinas da Fábrica de Esperança receberam a carteira de artesão fornecida pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas (Sedetur).

Os produtos confeccionados nas oficinas de decoupagem, filé, teneriff, marcenaria, tornearia e pintura em tecido são expostos e vendidos em dois pontos fixos: rua fechada, no bairro da Ponta Verde, sempre aos domingos, e no Box 09, no Mercado de Artesanato Margarida Gonçalves, no parque Ceci Cunha, em Arapiraca. O dinheiro arrecadado com as vendas vai para o fundo penitenciário, destinado a investimentos no sistema prisional.

Exposições

Ao longo de 2017, os produtos artesanais foram expostos em feiras de diferentes cidades, como Brasília (DF), Recife (PE), Campo Grande (MS) e Belo Horizonte (MG), além de órgãos públicos e eventos.

O destaque fica por conta da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), realizada em julho, em Olinda (PE). Em sua 18ª edição, a maior feira de artesanato da América Latina reuniu, aproximadamente, cinco mil expositores, de 34 países e oito etnias indígenas. Entre eles estavam o estande da Fábrica de Esperança.

A Seris levou trabalhos em madeira, com aplicações de filé, técnicas ensinadas nas oficinas. Durante os 11 dias de evento foram vendidas 287 peças, totalizando uma arrecadação de mais de R$ 4 mil.

por Agência Alagoas

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