Jean Lenzi

Jean Lenzi

Ator, dramaturgo, encenador teatral e ativista cultural

Postado em 30/11/2009 18:05

Palco com tecla de "Replay"

Madame

 “CADA COISA TEM UM INSTANTE EM QUE ELA É. EU QUERO APOSSAR-ME DO É DA COISA”. Clarisse Lispector

Em artigo publicado em 2005 nos jornais ‘Gazeta de Alagoas’ e ‘o Jornal’ o dramaturgo alagoano Lael Correa comentava as dificuldades encontradas pelo artista do palco em manter viva na memória da platéia os grandes feitos de uma arte chamada cênica; como argumento, Lael utilizou-se do seguinte:

“(...) É porque o artista dos palcos já sabe, de antemão, que não poderá materializar ou tornar permanente a sua obra. O pintor terá suas telas, o músico terá suas partituras, o cineasta te rá suas fitas. No entanto, um artista de teatro terá apenas a memória da distinta platéia para guardar e valorar a sua atuação. E mesmo esta memória sofrerá a ação do tempo: lapsos, distorções, hiatos e até o total apagamento (...)”.

Na mesma razão é explicado que a arte cênica é provavelmente a arte mais difícil de avaliar e conceituar por razões que são próprias do palco, daí a ideia da filmagem, fotografia, registros dos mais diversos para o ato que acontece em cena, não podendo este, é óbvio, ser considerado teatro, uma vez que o teatro só acontece em um tempo único, restrito, onde ator e público, cúmplices de uma ação única vivem a mesma realidade; ou melhor - o realismo.

Na cidade do Penedo, em especial, uma considerável fatia do que se dizia a formação maciça da platéia preferiu abraçar emocionalmente um teatro de pouca inteligência, ainda que se possa considerá-lo teatro. A platéia não só a penedense, mais a arapiraquense, - ‘alagoense’ de modo geral, guarda não somente na memória, mais e principalmente nas corriqueiras atitudes os cacos deixados pelo velho e bom besteirol, é uma espécie de teatro bem legal este, onde só os “grandes” e altamente profissionais conseguem desempenhar a difícil missão de montar um circo onde os palhaços (no sentido negativo da palavra) são os próprios expectadores, na ignorância ou na inocência estes, apenas divertem-se, pois a sessão terapia está instaurada.

Depois disto: “cabe ao dono do circo sair catando as migalhas deixadas na platéia, pois será de grande valia para a montagem da tenda em outras terras, mas com tribos semelhantes, e depois, mais outra e novamente outra que sobe e recresce numa volúpia dolorosa, e já dizia Fernando Pessoa: “ é sempre uma coisa atrás a outra, sempre uma coisa tão inútil quanto a outra”

Contra isto, somente muita competência e um senso crítico bastante aguçado para driblar estes por menores. Tomando como exemplo o próprio Lael Correa que carrega em seu currículo 16 prêmios nacionais por direção, atuação, e um criado especialmente para ele em 2001, melhor adaptação, e nenhum é de Alagoas, o que deve ser razão de orgulho. Com 26 espetáculos, o grupo Infinito Enquanto Truque criado em 1989 se orgulha da linha de teatro contemporâneo de excelente qualidade que faz com quê os escritos consagrados de seus autores prediletos ultrapassem os séculos e permaneçam sempre atuais.

Isto aconteceu com Vértice numa narrativa da vida do pintor Michelangelo, com Navegantes do poeta lisboeta Fernando Pessoa, com Ratufuso que teve o prêmio de melhor adaptação criado especialmente para o texto no Festival de Teatro do Paraná e cujos escritos pertencem ao alagoano Graciliano Ramos, com Ciranda Renda Palavra da contemporânea escritora Arriete Vilela, em Genética com a genealogia de Jean Genet, que é também o escritor revisitado da vez com Madame, novo espetáculo do grupo que de passagem por Penedo sob os auspícios da Casa do Penedo, Madame hospedou na noite do último dia 20 no Theatro Sete Setembro onde foi recebida com todas as poupas por um público delicado e sensível fortalecendo a idéia de que em Penedo há também platéia à altura de uma madame.

Comentar o teatro alagoano pode ser coisa muito difícil, são poucos os grupos que tem uma preocupação com a escolha dos textos, com a mídia, com a censura, com a reação da platéia e até mesmo com a crítica; muitos esnobam os iniciantes, mesmo que sejam eles os responsáveis pela qualidade produzida pelos iniciantes e o contraponto disto tudo é exatamente a arrogância, que a meu ver é puramente uma defesa pessimamente maquiada pelos amadores.

Mas o sólio do Penedo insiste em nos fazer possuir uma tecla de replay, haja vista as últimas encenações com seus respectivos espectadores: quando são besteiróis pornográficos a casa é cheia, o ingresso é acima do que eu previa como humilde agente cultural, a pauta do Theatro se é paga não sabemos, o que é razão para outras cerimônias. Seria muito pertinente que os produtores locais, deixassem a preguiça e o espírito mercenário de lado e fossem pesquisar de fato coisas interessantes, teatro de boa qualidade – é um questionamento que eu me faço sempre: como é possível uma criatura que se diz ser artista poder se sentir bem em ganhar dinheiro produzindo lixo, ao invés de encenar pérolas? Falta de talento? Falta de inteligência? Tenho milhões de certezas e a mais feliz é a de que Penedo comporta todos os estilos, há platéia para tudo, neste caso só resta aos produtores passarem de uma vez por todas para a segunda fase do estágio: a profissional; para tanto terão eles que antes desligarem a tecla Replay.

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  • Alunas dele 'sagrado' Aê Professor, essa foto aê,''abafando'' kkkkkkkkk Tá lindão' gostossinho o senhor viuu Beijos
  • Carlos Gomes Vc Geanderson dos Santos, já desligou a tecla replay? Pq pelo que vejo em seus espetáculos é um conjuntos de besteira + porcaria = nada! Talvez se vc fosse mais humilde, seria um pouco melhor como artista! Pq vc até que fala bonito! Mais só falta vc agir como os personagens de suas estórias! Está na hora de vc crescer um pouco! Falar só não adianta! É preciso agir! Abraço cara!
  • MEIO FÃ Se a tecla de replay foi ou não, será ou não desativada só o artur, a mira e aline podem dizer, mais o q o jean fala e faz é muito impotrante para o teatro local, quanto as porcarias ainda não vi ele fazendo nenhuma, a não ser o de dá creditos a quem não merece - como por ex, criticcar os colegas que são bobos demais para separar a amizade e trabalho. Jean vc ta de parabéns;
  • GEANDERSON G. DOS SANTOS quem critica um critico é sempre um ignorante, ele fala coisas próprias da sua area e só, acredito até que fala pouco! ahhh e eu sim me chamo Geanderson G. dos Santos e não faço teatro. valeuuu.
  • Carlos Eduardo Tem plateia pra tudo mesmo menos para seus espetaculos!!!! Que não dão meia duzia de pessoas pingadas, mesmo sendo custo zerooo!!! xerooooo Dom Geanderson dos Santos!!!