Jean Lenzi

Jean Lenzi

Ator, dramaturgo, encenador teatral e ativista cultural

Postado em 21/12/2009 23:53

Que escola é esta?

O descompasso que permeia a realidade e o realismo eterniza-se numa inexplicável e latente atmosfera quando inebriada por doses fortes de um bom senso ironicamente descompromissado. É como parte fundamental de estudo para aqueles que desejam aprofundar-se sobre o trabalho do ator: teatro do absurdo, teatro da crueldade podem parecer bem distantes do nosso, mas acreditem, eu os achei zuando por palcos inóspitos.

Em razão da II edição do Intercâmbio Teatral Estudantil, proposta da trupe de teatro Artes Ribeirinhas, é pertinente comentar o que foi representado durante toda uma semana em que a mostra ficou em cartaz no Theatro Sete de Setembro.

A proposta é das melhores já desenvolvidas neste Estado, na capital alagoana duas mostras iguais já ocorriam há considerável tempo, uma delas era promoção do Sated-Al (Sindicato dos Artistas e Técnicos de Diversão), que a promoveu até 2007.

A Companhia de Artes Ribeirinhas constituída há pouco mais de três anos é a grande revelação para o teatro local, tem em seu currículo espetáculos de peso como “Sonhos de uma noite de verão” do inglês Shakespeare, passando por “Pluft, O fanstaminha” da mineira Maria Clara Machado. Interessante frisar que tal companhia surgiu exatamente de um evento como este - intercâmbio de teatro-escola, em proporções inferiores obviamente, e é a razão mais firme que eles têm para levantarem a bandeira da Mostra, que de fato merece todos os aplausos. A proposta é inquestionavelmente positiva - para fins de entretenimento e não somente, pois desde os bancos escolares estes alunos aprendem a freqüentar teatros; isto educa e sociabiliza platéias.

Mas nem tudo está no seu devido lugar, o que para alguns é razão de orgulho afinal de contas o trabalho com teatro não é dos mais contemplativos e às vezes nos faz cair na tão desejada autoconfiança; para outros serve como combustível de uma carreira infrene e daí o ator passa a produzir tudo por exatamente querer tudo. Na vez das escolas, seria elegante poupá-las uma vez que elas não recebem a atenção necessária para produzir teatro ainda que amador, os produtos por elas apresentados em boa parte do festival pode ser considerado abaixo da média, e aqui abro um parêntese para explicitar uma máxima real: grandes teatros não frutos de grandes recursos, às vezes com o mínimo de inteligência, de agilidade e de leitura reluz uma valiosa contribuição ao ato – Pede-se então, a atenção dos professores que acompanham os grupos em eventos como este.

Em pouco mais de três anos a Cia. realizadora da mostra fez estrear dois espetáculos, ambos com estilos totalmente diferenciados, o que para o teatro de quem vê, ou seja, a platéia propicia uma incerteza de quais são as prioridades do grupo. Qual linha deverá seguir, se é que devera seguir alguma? É provável que o tempo se encarregue de desfazer todos os encantos, bem como todas as frustrações até que se prove a qualidade e a importância desta unidade teatral.

Na noite do dia 21 de novembro, a trupe apresentou á platéia penendense sua mais recente montagem, estreou a peça “ELE ME DISSE QUE ELA FALOU” tragicomédia de linguagem bastante pretensiosa contando com grande parte do elenco da Cia. em cena, neste, os arteiros mostraram toda flexibilidade na escolha do texto, por sinal bastante infeliz, (e digo isto não porque não goste de comédia, entendo comédias e não apelações ), o que pode parecer como primeiro sinal de um desconforto interno, que somente eles poderão resolver.

Em “Ele me disse que ela falou” tudo é muito falho, desde o texto em si até a última concepção da sonoplastia. É um espetáculo com sérios problemas, ao que pese a minha dúvida: Ele está pronto? Ou ainda passa por uma concepção, pelo processo de montagem? No caso da primeira afirmação ser a real são perceptíveis as falhas. É um texto mal escrito, mal encenado, mal dirigido e mal interpretado principalmente, e que diferentemente das encenações anteriores ficou claro nesta, o amadorismo destes arteiros. Com ares de mega-produção chega a ser decepcionante. Mesmo com todos os esforços em segurar a peça do começo ao fim, tudo na concepção da direção era muito cru, sem a sensibilidade e presteza necessárias para lapidar personagens, a direção não soube dosar os cacos, os exageros, as excentricidades; no enredo do espetáculo que contem uma infinidade de personagens homossexuais, estes foram encenados de forma totalmente caricatas, é possível que estes atores nunca tenham lido, ou vivido situações semelhantes às das personagens, daí, caberia um laboratório – a rua é a indicação. Jovens que se propõem a fazer teatro e não lêem teatro, não pesquisam teatro e não vêem teatro é mais absurdo do que a escolha deste texto tenebroso, é inconcebível. E mais do que isto é ver num discurso final totalmente alienado, a indisposição à critica e à reações de grupos, enfim, tudo seria muito nobre se a proposta fosse apenas fazer, sem a necessidade de querer “causar” , sem grandes pretensões. Existem idéias seculares de teatro profissional e de teatro amador, um estar diretamente ligado à forma e às razões para que se faça teatro, o outro vai além; capta a qualidade da encenação e principalmente a idéia do fazer teatral, sem grandes preocupações, sem nenhuma lapidação, apenas por gosto e feição.

A pergunta “Que escola é esta?” foi feita por uma pessoa da platéia no momento em que se dava a representação da peça, é uma ‘deixa’ para que o grupo reflita sobre as ações artísticas, as pretensões e as conjunturas que dão à Artes Ribeirinhas o titulo de revelação do teatro local.
E mais uma vez: ”cuidado com Dionísio”...

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  • anne Procure o que fazer, deixe de ta falando tanta besteira, deixe de ser envejoso, INVEJA MATA, quem é vc na fazenda em?
  • Carlos Gomes Interessante é que esse cara chamado GEANDERSON DOS SANTOS, por que é esse o nome dele, e não GEAN LENZI (kkkkkkkkkkk), só monta porcaria, só produz porcaria e só fala porcaria! E ainda abre a boca pra falar mal dos outros artistas! Se toque cara, seja mais inteligente. E saiba reconhecer o trabalho dos outros! Tente conquistar as pessoas, pois é público e notório que no meio dos artistas de PENEDO, vc não é bem vindo! Tente mudar isso, comece mudando vc mesmo. Afinal, ninguém é forte sozinho! Abraço e reflita sobre tudo que eu falei.
  • Fagner Jean antes de criticar e bom olharmos para os nosso defeitos. O teu espetáculo " As mãos de Euridice" é um porcaria, tanto que não emplacou! Vc sempre apresentava com teatro vazio,mas isso pra vc teve um lado bom, pq provou que vc tem amigos, pq aturar aquele espetaculo só sendo seu amigo! E muito ruim vc é um pessimo ator, (Minha opnião). Se eu voce vc eu teria vergonha de escrever um texto falando mal do outros. No lugar de escrever gaste seu tempo olhando teus defeitos! Abarços
  • Jhonatan Figueiredo Estive presente na apresentção da cia artes ribeirinhas e sinceramente não concordei com nada do que foi dito nessa critica inutil e arrogante de alguém despeitado que poderia muito bem usar seu dotes de escrever coisas imprestáveis como esta para fazer um espetáculo que pelo menos consiga prender o publico até o "meio" da apresentação! Ouvi comentários de gente que conhece teatro muito bem e eles foram elogiados, pois realmente merecem...o q me leva a confirmar que esse comentário só pode mesmo ter vindo de alguém despeitado com o sucesso alheio! Parabés artes ribeirinhas! vcs são ótimos, e irei de novo assistir a peça de vcs que ao contrario do que diz essa critica, é muito bom, divertido e prende as pessoas até o final! Abraço!
  • Michele Nao concordo com nada disso.O espetáculo foi maravilho, deveria estar fazendo artigos melhores do que está postando a sua opnião o que você acha.Se você acha guarde para você! Gostei muito do espetáculo, e tenho certeza que as pessoas gostaram também.
  • anne KKKKKKKKKKGEANDERSON DOS SANTOS VC PERDEU A OPORTUNIDADE DE FICAR QUIETINHO, PRA Ñ SER TÃO HUMILHADO, MAIS CASTIGO PRA GENTE INVERJOSA É DISSO A PIOR, PARABÉNS ARTES RIBEIRINHA, VÃO EM FRENTE O SUCESSO ESPERA POR VCS.
  • júnior a peça foi legal..só que pude peceber insegurança de alguns atores! uns pareciam esta lendo um texto decorado.. axo que vcs dá companhia deveriam fazer teste antes de coloca-los no palco!
  • Wagner Acho que o Jean de fato é muito polêmico, suas ideias tem certo fundamento quando se vai olhar o que ele fala, quem viu a peça, e como o Jean entende teatro vai sentir o mesmo que ele, é feio, é mal feito, é divertido e é apelativo, são amadores e deveriam antes que qualquer coisa pedir ajuda a quem entende JEAN /CLÁUDIA/ MIRA/ ARTHUR /LUCIA é bom falar, só que nem sempre ele é bonzinho, isto é ótimo adoro essas lapadas, vamos concordar que o cara faz coisas boas, 'As Mãos' para quem não viu outras montagens, é simplesmente bem resolvida, e quem vai discutir com o Jean, quem se atreve??? se for olhar quem melhor faz teatro em Penedo vai ver JEAN E CIA PENEDENSE. Vamos respeitar a opinião dele, pois se não tivesse valor não seria tão polemico e não estaria aqui gastando tempo em comentar suas criticas. PARABÉNS PARA OS DOIS LADOS.
  • Zaíra Na minha opinião, os que "sabem" em vez de criticar os "iniciantes", ajude-os a evoluírem e desenvolver uma boa performace no palco. Se surgem novos espetáculos e novas companhias teatrais, é porque existe um certo espírito vivo que luta pela preservação da cultura local para que o nosso palco não feche as cortinas. Eu acho ainda, que as pessoas deveriam respeitar as opiniões e os trabalhos dos outros. Aos criticados: trabalhem, ensaem e mostrem que sabem fazer. Ao crítico: não faça uma crítica tão arrogante que faça os criticados desistirem dos seus sonhos, faça uma crítica em que eles entendam onde errou e refaçam de um modo que não venham a ser criticados por você de novo, seja mais amigo e chegue junto sem medo com a sua pouca experiência de palco, dê uns toques aqui, outros ali e desse jeito você conquistará o respeito da galera e passará a ser... um crítico.