João Pereira

João Pereira

Advogado, escritor e atento observador da política

Postado em 06/07/2018 10:34

A infantil beleza da Copa do Mundo

O que tem um país com onze jogadores de futebol num torneio internacional para a conquista de uma taça? Muito aquém de uma avaliação racional, justifica-se apenas congraçamento entre nações e pela beleza visual de uma imagem viva que parece oriunda de um outro mundo. Espetáculo atordoante que faz acelera a mil as batidas do coração, tem como causa gritos das torcidas contrárias que ecoam e se perdem no espaço sem fim. Por que conseguem envolver milhões num turbilhão de emoções que vão do desalento, inconformismo, tristezas e alegrias? Os vinte e dois jogadores, divididos pela metade como rivais entre si, postados no meio do estádio, são autênticos semideuses ovacionados pela plateia de sua respectiva torcida. Barulheira infernal, não conseguiríamos entender semelhante fenômeno senão pelo espirito lúdico remanescente dos tempo de criança.

Em sentido inverso, testemunhamos manifestações hostis que algumas vezes resultam em consequências fatais protagonizadas por indivíduos que caíram no túnel do tempo e trouxeram dentro de si o primitivismo tribal de sua época. Não são nossos contemporâneos e sim alienígenas das cavernas. Competições e rivalidades remontam muito além da pré-história e são sentimentos, de uma forma geral, inatos à natureza animal, benéficos e necessários para o desenvolvimento, quando dosados dentro das regras de civilidade. Se há um embate, seja qual for a natureza, haverá, certamente, um vencedor que fará jus aos aplausos e o reconhecimento do perdedor. Isso deve partir do entendimento de que rival não é sinônimo de inimigo.

Voltando ao início, mesmo reconhecendo a grande importância do esporte, perguntamo-nos, á luz do bom-senso, como acreditar que milhões ou bilhões, em quase todos os países do mundo, se empolguem com vinte e dois jogadores de futebol a brincarem com uma bola. Não deixa de ser uma insensatez, muito divertida e apaixonante, algo comum a todas as nações, do primeiro ao terceiro mundo. É que o povo é povo em qualquer latitude, nivelando-se sob o aspecto das disputas em geral. Em se tratando de copa do mundo, perderia toda a graça com a ausência da paixão. E no que diz respeito a copa do mundo, a torcida acirrada não se restringe apenas ao povão, mas a todas as classes, sendo o mais popular e democrático evento esportivo.

Dentro desse impressionante fenômeno, temos de admitir, o reconhecimento é mundial, que o Brasil é o país do futebol e que durante a copa é tão grande a paixão pela nossa seleção que temos a maior convergência de sentimentos. Uma beleza de demonstração de irmandade, mas que lamentamos profundamente a sua curta duração, voltando ao país, outrora reconhecido como pacifista, com o atual Brasil da carnificina, o maiores fratricida entre os demais.

Enfim, apesar dos pesares, esperamos que nossas expectativas, antecipadamente tão exageradas por tantos, se transformem na tão desejada taça do hexa. Que a copa do mundo continue a ser um extraordinário spray capaz de borrifar toda a atmosfera da terra de sentimentos positivos e mesmo que exista alguma tristeza, inunde o espaço com o halo da confraternização e vibrantes alegrias.
 

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