Aloísio Vilela de Vasconcelos

Aloísio Vilela de Vasconcelos

Professor da Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Postado em 13/02/2014 17:47

Éramos doze

Sim, éramos doze. Entre nós, filhos de Aloisio de Almeida Vasconcelos e Irene Vilela de Vasconcelos, a Princesa da Mata Verde, havia seis homens e seis mulheres. 

A primeira, Isabel, faleceu ainda criança. Não houve para ela a alegria de conhecer a bondade do mundo e nem a tristeza de conviver com sua maldade.

Muitos e muitos anos se passaram até chegarmos a 1976. Na madrugada do dia 06 do mês de junho deste ano, meu irmão Avelar, recém-formado em Agronomia, para espanto de todos, foi-se, porque vítima de um inesperado e terrível acidente automobilístico. Sua prematura partida causou em gregos e troianos, uma inconsolável e indescritível tristeza. Tristeza que até hoje perdura.

Sóis e mais sóis nasceram e se puseram até que no dia 20 de abril de 2006, para minha irmã Sílvia, ele se pôs e não mais nasceu. Neste dia Viçosa perdeu quem fazia da vida uma poesia, pois a poesia era o seu trabalho. E o seu trabalho era o de levar sorriso a quem chorava, crença aos ateus, fé aos descrentes, alegria aos tristes, companhia aos abandonados e conforto aos que nada possuíam.

Luas e mais luas, com sua incomparável e inimitável beleza, continuavam a tornar as noites mais belas e encantadoras, mas em 12 de janeiro do corrente ano, para minha irmã Olga, a rainha da noite deixou, para sempre, de tornar os namorados mais apaixonados: foi-se, para sempre, a irmã-união, a irmã-alegria, a irmã-entusiasta. Foi-se quem levava claridade a escuridão, luz aos espíritos sombrios, esperança aos desesperados e paz a quem se digladiava.

O deus tempo, senhor de tudo e de todos e completamente insensível a todo e qualquer tipo de dor, passa.

Para minha completa surpresa, no último dia 07 de fevereiro, antes das seis da manhã, o telefone toca. Era Ana, minha irmã que, com voz chorosa, informava que meu irmão mais velho, o sofredor e herói Miguel, também tinha, na madrugada desse mesmo dia, sido chamado pelo Eterno.

Totalmente atabalhoado, balbucio alguma coisa, desligo e caio sentado na cama.

Com os olhos cheios de lágrimas, olho para o Crucificado e peço:

SENHOR JESUS CRISTO, daqui deste lugar onde nos deixastes, onde todos nós temos um destino, onde até mesmo Vós tivestes de cumprir o Vosso, humildemente prostrado aos Vossos pés te suplico, chama para junto de Ti todos os que se foram e envia Tua Luz para aqueles que aqui ainda estão e necessitam de tua proteção e iluminação.

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  • Maria Núbia de Oliveira A morte, essa certeza absoluta dos seres vivos, sempre nos surpreende. Independente da nossa fé e da esperança, sofremos as perdas e apesar de seguirmos a caminhada, o vazio e a saudade são uma constante. Toda separação causa dor e quando é definitiva, as sequelas são imensuráveis.